quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Porque não gostam as crianças da escola?


Por que não gostam as crianças da escola?

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03.10.2014 Por Cláudia Bancaleiro

“Hoje não vou à escola!”. A frase em aparente tom de protesto já foi ouvida por muitos pais quando preparam a sua criança para mais um dia.
Mas o que é que isso quer dizer? Não gostam dos professores, dos colegas, do que têm de aprender? Parte da explicação pode passar por aí, mas há muito mais que isso, como afirma o psicólogo Eduardo Sá no seu mais recente livro. E o caminho a tomar está nas mãos dos pais e dos professores. Têm apenas de aprender a escutar e repensar a actual forma de ensino, demasiado exigente, até porque “escola demais faz mal às crianças!”.
Eduardo Sá é crítico quanto à forma como funciona o actual modelo escolar, um modelo a precisar de uma “profunda transformação”. “Uma escola melhor deve adequar-se às crianças, informadas, do século XXI; aos pais que exigem comparticipar em todos os actos educativos dos seus filhos; e aos professores que gostam de servir de planalto de onde se veja melhor o mundo e a família. Um dia, acredito, ainda haverá crianças que fujam para a escola”. A citação faz parte do livro Hoje não vou à escola! Porque é que os bons alunos não tiram sempre boas notas?, da editora Lua de Papel, acabado de lançar, e seria para Eduardo Sá a realidade ideal.
O livro divide-se em dez capítulos, cada um com pequenos textos escritos ao longo dos últimos 30 anos e nos quais se fala dos erros que se cometem na educação das crianças mas também no que estas precisam para serem alunos felizes e equilibrados, o que as motiva ou esmorece. O também psicanalista e professor da Universidade de Coimbra e do ISPA, em Lisboa, não tem dificuldade em enumerar falhas no sistema de ensino e a forma como negligencia as necessidades da criança. “Falha quando esquece que menos exercício físico significa pior atenção. Falha quando não entende que muitas aulas e poucos recreios significam pior atenção. Falha quando substitui o brincar pelo stress crónico das crianças. Falha quando, em vez de autonomizar, transforma os pais [que deviam ser unicamente uma entidade reguladora] numa espécie de ‘empresa de serviços’ para os filhos”.
Eduardo Sá é defensor da inversão da actual hierarquia de prioridades para o crescimento e aprendizagem da criança. Para o psicólogo em primeiro lugar deveria estar a família, depois a “escola da vida”, o brincar e por fim a escola, ela mesma. “Todos os alunos para quem esta hierarquia não seja bem assim estão em vésperas de se tornarem crianças em perigo”, observa ao Life&Style.
É talvez neste ponto que se pode explicar porque há “bons” e “maus” alunos. Eduardo Sá sublinha, em primeiro lugar, que os “bons alunos não tiram, imperativamente, boas notas”, mas são aqueles que “percebem que a escola é preciosa e indispensável mas que, apesar disso, não pode ter mais importância para além da que merece”. São também eles que “percebem que a família é mais importante que a escola e que brincar é tão indispensável como aprender”. Para isso contribui o facto de terem bons pais e professores.
Do outro lado da linha estão os alunos com piores resultados, crianças que “copiam maus exemplos e os repetem, sobretudo quando têm à sua volta pais ou professores que falam da escola como um ‘mal necessário’ e encaram o futuro duma forma cinzenta e sem paixão”. “Não há ‘maus alunos’ sem uma coligação de ‘maus’ pais e de ‘maus’ professores”, realça Eduardo Sá
Recreios supersónicos” e alunos “empanturrados” com aulas longas
Para o psicólogo, tudo é exagerado quando se fala no tempo passado na escola em actividades lectivas e quem sofre é o desenvolvimento emocional e físico da criança. “A desconsideração que se cultiva em relação à educação física, à educação musical ou ao português, imaginando-se que tecnocratas de mochila serão sempre melhores adultos do que alunos que falam, que perguntam ‘porquê’ e que sonham ir sempre mais longe”. “É tão fácil tirar más notas que, ainda assim, é um exercício de indignação fantástico [dos pais, dos professores e das crianças] que as boas notas ganhem, com maioria clara, todos os anos!”, conclui.
A escola deveria ser como uma segunda casa para as crianças mas nem sempre é assim. Eduardo Sá afirma que a criança se pode afeiçoar aos colegas e aos professores e mesmo ao espaço físico da escola mas para que a “escola seja uma verdadeira segunda casa só falta que o director de turma e os pais sejam mais próximos”. Há que reduzir as “queixinhas” da escola na Caderneta do Aluno e os recados para o professor. “É preciso que, sem voluntarismos excessivos, os pais eduquem a escola, a escola eduque os pais e que os alunos os eduquem a ambos. Se for assim, os alunos passarão a fugir para a escola. Em vez de fugirem de lá”.
Em casa, a hierarquia de prioridades também é aplicada de forma errada, reinando a regra de "primeiro fazes os trabalhos de casa e depois brincas". Eduardo Sá sugere exactamente o contrário. As crianças devem estudar mas durante um período limitado de tempo, permitindo que, além do grupo da turma, circulem em outros dois grupos, sejam de desporto, música ou actividades cívicas, “para que aprendam com a diversidade”. Há que obrigar as crianças a brincar “todos os dias”, sustenta o psicólogo. “Brincar faz bem à saúde! E quem não brinca não aprende”.
Precisam-se de melhores “escutadores”
Eduardo Sá deixa um conselho aos pais de vida apressada e preocupados com o pouco tempo passado com os filhos e aos professores responsabilizados pela educação: “Aconselho a todos que aceitem que não se pode amar o conhecimento crescendo zangado com a escola”.
“in JornalO public”

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

E-Fólio B Psicologia do Desenvolvimento II - Projecto Geração Sénior

“PROJECTO GERAÇÃO SENIOR” 1) Objectivos: Este Projecto de adesão voluntária é dirigido aos seniores do Baixo Alentejo, e tem um carácter interventivo para atenuar/retardar o impacto desenvolvimental das perdas que acompanham os seus processos de envelhecimento. É localizado no baixo Alentejo, mais propriamente no concelho de Odemira, abrangendo os interessados em todas as freguesias limítrofes, e é co-financiado na seguinte proporção: fundo social europeu 60%; autarquia local 30%; empresas locais 10%. Também pretende objectivar a adopção de medidas compensatórias para fazer face a uma previsível evolução desfavorável de certas variáveis biológicas como a perda de acuidade sensorial, a diminuição de velocidade de processamento da informação que surge como um factor imprescindível no combate a concepção fatalista de que à velhice corresponde a perda de capacidades de compreensão e de aprendizagem. Para além do objectivo principal acima referido, dirigido aos seniores nestas comunidades isoladas do Alentejo, visa simultaneamente criar alguns postos de trabalho atenuando o desemprego local, e ainda travar a desertificação das gerações mais jovens para as grandes urbes. Dirige-se a todos os seniores interessados, (em seu entender ou dos seus familiares), capazes física ou intelectualmente, em contribuir com a sua experiência de vida, integralmente (de forma autónoma) ou parcial (com ajuda de profissionais) em actividades laborais e lúdicas, prolongando assim as suas capacidades sensoriais psicomotoras, contrariando a inactividade, o isolamento, a degeneração biológica e suas hipotéticas percas cognitivas. 2) Fundamentação: Falar em competência associada ao processo de envelhecimento significa falar num constructo complexo que se cruza com outros conceitos de âmbito geral como capacidade, actividade ou sucesso (paul, 2001) . A competência é definida como a capacidade do indivíduo para realizar adequadamente aquelas actividades habitualmente consideradas como essenciais para a existência, podendo assim ser tomada como sinónimo de autonomia (Pushkar, Arbuckle, Naag, Conwa,& Chaikelson, 1997). Nasterpasqua (1989) define este constructo realçando que a competência refere-se à capacidade individual para lidar com os desafios da vida, o que inclui a consideração de variáveis de tipo cognitivo, emocional e social, enquanto Eisemberg & Fabes(1992) especificam que a competência social depende da presença de características psicológicas, como a inteligência, a personalidade ou estilos de coping que funcionam como facilitadores para a promoção de interacções sociais e para a criação de redes de suporte social alargadas. Lawton (1999) sugere uma hipótese a que chama hipótese da Docilidade ambiental, segundo a qual, a influência do ambiente no comportamento dos indivíduos está directamente relacionada com a sua competência, isto significa por exemplo que os idosos saudáveis e competentes terão tendência a escolher actividades e contactos num largo espectro ambiental, enquanto para os idosos menos competentes, a proximidade geográfica dos seus pares, como por exemplo os vizinhos, pode ser o único factor determinante na escolha dos amigos, oportunidades de lazer, ou de contactos sociais. Também a inactividade dos reformados demonstra um declínio acentuado na circulação sanguínea cerebral, obtendo assim resultados insatisfatórios, em testes cognitivos. Sobre as competências da vida diária, Baltes & Carstensen(1999) sugerem uma explicação centrada em factores de natureza essencialmente psicológica, defendendo que a dependência dos seniores não decorre automaticamente de problemas relacionados com o envelhecimento biológico, mas que deve ser antes vista como uma consequência de condições sociais e individuais específicas. Essa dependência pode ser aprendida , por meio da qual o senior consegue evitar a solidão e exercer um controlo passivo sobre o ambiente. Barreto (1984) demonstrou num estudo longitudinal efectuado em Matosinhos, que o processo de progressivo desligamento social, é mais frequente nos reformados casados, acompanhado de uma forte ligação ao cônjuge, e que no género masculino toma rapidamente a forma de dependência. Mas esta pode também surgir na sequência de um empobrecimento funcional, conforme relata Heikkinen (2000)onde a relação entre o aparecimento nos idosos, de estados depressivos, e a inabilidade para a execução das tarefas da vida diária, são indissociáveis. Este tipo de projecto pode fazer toda a diferença, tendo em conta a importância da variável saúde/doença no envelhecimento que está na origem da distinção clássica entre envelhecimento normal ou primário que não implica a ocorrência de doença, e o envelhecimento patológico ou secundário que é aquele em que à doença, e esta se poderá tornar a causa que pode levar à morte. Também nestas idades, conforme relata Salthouse (1989/99) existe nestes indivíduos, um abrandamento nas capacidades cognitivas, fruto de um défice na propagação da informação ao nível do sistema nervoso central, que reduz a sua velocidade. Aliando a tudo isso os défices sensoriais, como são a perda da visão, audição, mobilidade, etc., as suas perdas tornam-se não só quantitativas mas também qualitativas. Contrariamente, os seniores que aderirem a este projecto, serão estimulados intelectualmente, e terão grosso modo de assumir as participações diárias, que os obrigarão a deslocações, ás actividades e formações específicas, ás responsabilidades por cada um assumidas no projecto, sendo tudo isso também uma forma indissociável de fazer exercício físico, ou seja “mente sã em corpo são”. O facto de se tornarem pró-activos, e integrados nas comunidades onde nasceram e viveram, dará também a estes seniores, satisfação de viver, um bem-estar psicológico, garantes de um envelhecimento mais digno, solidário, personificado, e claro está, exemplos a seguir, não só no concelho, mas quiçá por todo o nosso interior desertificado… 3) Destinatários: Os seniores do concelho e zonas limítrofes, com perfil e aderentes ao projecto. Os profissionais selecionados e habilitados para o projecto, tendo primazia os com domicílio local. As empresas locais envolvidas no projecto. A autarquia de Odemira e todos os seus serviços públicos. Todo o particular que solicite o projecto, mediante acordo prévio com os responsáveis. 4) Recursos humanos m/f: Dois(2) seniores encartados (Carta de condução profissional de passageiros); dois (2) jardineiros/hortelãos (seniores); quatro (4) formadores qualificados nas actividades propostas; dois (2) funcionários administrativos; um (1) psicólogo; um (1) enfermeiro a tempo integral, e um (1) médico em tempo parcial (sénior ou não). 5) Espaços e recursos materiais: Um (1) veículo de transporte de passageiros (7 lugares) , e um (1) veículo misto As salas de formação serão cedidas gratuitamente em pólos da autarquia, e os materiais cedidos pelas empresas locais participantes. Quanto à jardinagem e horticultura, serão executadas em propriedade privada, sempre que requeridas. O apoio a creches e jardins de infância, serão específicos nos de administração autárquica em conjunto com os seus profissionais. 6) Acções: As actividades propostas serão a transmissão de saberes na preservação dos costumes locais em: - Cozinha e gastronomia regional (inclui formação certificada) - Artesanato local, suas técnicas e aplicações (inclui formação certificada) - Artes representativas Música, canto, teatro, (inclui formação certificada) - Jardinagem e horticultura (inclui formação) - Restauro em utensílios e equipamentos, com o intuito da preservação das tradições locais (inclui formação) - Apoio em creches e jardins de infância a cargo da autarquia. Referência Bibliográfica: Fonseca, A. (2006). O envelhecimento. Uma abordagem psicológica. Lisboa:Universidade Católica. S. D. de Rana, 9 de Janeiro de 2013

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

E-Fólio A Psicologia do DesenvolvimentoII

Propostas de Projectos para a Unidade de Psicologia do desenvolvimento 1) Sabendo das necessidades e da curiosidade das crianças, principalmente a faixa etária entre os 6 e os 11 anos de idade, que iniciam a escolaridade obrigatória no ensino básico, da velocidade e capacidade que têm na assimilação e aprendizagem, indispensáveis ao seu construto educacional e intelectual, venho propor um conjunto de actividades a intercalar com os seus percursos curriculares programáticos, nas turmas do 4º ano da Escola básica do 1º ciclo, nº1 do Cacém, Sintra, que constam de variadas visitas de estudo, a lugares e monumentos previamente referenciados, maior parte no conselho, havendo algumas excepções que se poderão alargar a outros limitados ao distrito de Lisboa, a saber: Jardins e parques florestais em Sintra; Estufa fria em Lisboa; Museus, Anjos Teixeira, do brinquedo e da ciência na vila de Sintra; Museus, da marinha, e dos Coches em Lisboa; Mosteiro dos Jerónimos e Jardim de Belém em Lisboa. Pretende-se com estas visitas de estudo previamente escalpelizadas em sala de aula, levar as crianças de um conselho densamente povoado, e oriundas maior parte, de extractos socialmente pouco favorecidos, a melhor entenderem não só o mundo que as rodeia, mas também permitir-lhes os intercâmbios culturais, intergeracionais e assim promover a melhoria nos seus comportamentos e atitudes, seu desenvolvimento educacional e psicológico, e no respeito, justiça e interajuda recíprocas, cada vez mais necessárias nesta “aldeia global”. Este tipo de actividades, para além de estimularem as necessidades psicomotoras das próprias crianças, face a estes novos contextos vivenciados, são também indutoras para que nas respectivas famílias e/ou grupos sociais, se partilhem cada vez mais interesses socioculturais, entre as variadas gerações, tornando-se as crianças, pela sua capacidade de absorção de saberes, o seu principal elo de ligação. Com isso a criança irá descobrir novas regras, rituais e autoridades, mas simultaneamente novas liberdades, amizades, e um enorme leque de futuras oportunidades. Comecemos por identificar a faixa etária que este projecto abrange, denominada por Piaget, como “Estádio Operações concretas”, que é subdividida pelo mesmo autor, em dois subestádios, o “pré-operatório” e o “operatório concreto”, que não se transicionam entre si, de uma forma automática ou em determinado período da vida, mas só irão acontecer gradualmente, quando determinados conjuntos de tarefas desenvolvimentais façam a criança deixar de ter um comportamento egocêntrico, rígido e irreversível, para passar a um outro em que se demonstre mais flexível, reversível, lógico-inferente e que procure a relação causa efeito. Exemplo disso mesmo, serão os reconhecimentos dos valores da permanência e da constância, em simples análises mensuráveis. Também se acentua neste subestádio, face á chegada a todo o instante da puberdade, uma moral identificadora da libido, como a vergonha e pudor. Um dos conflitos psicossociais nesta faixa etária, descritas por Freud e Erickson, é o conflito indústria versus inferioridade, em que a primeira simboliza, produtividade, desenvolvimento, aprendizagem e competência adquiridas, e a segunda será a vertente negativa que simboliza a sua insegurança, a sua hipotética inépcia, e consequentemente a sua pouca confiança quanto ao seu papel social. Mas a virtude advinda da resolução desta crise temporária, será o reflexo de uma crescente Auto-Estima, que impulsionará de forma positiva todo o seu desenvolvimento psicossocial, motivação para novos e cada vez mais complexos aprendizados, e ao mesmo tempo reduzir possíveis disfuncionais desvios. 2) O projecto voluntário agora proposto destina-se aos adolescentes entre os 16 e os 20 anos, da Escola básica dos 2º e 3º ciclos Matilde Rosa Araújo, São Domingos de Rana, Cascais, com o duplo intuito de criar nos jovens, valores morais para uma melhor cidadania e solidariedade social. Simultaneamente para um melhor desenvolvimento psicológico dos intervenientes, que irão em pequenos grupos de 6 elementos (cliques) desenvolver pequenos projectos para identificar, estudar, pôr em prática, actividades e valências de cariz cultural e Educacional, para os seus pares em escolas do 2º ciclo, de países da CPLP. O ainda pouco acesso tecnológico existente, aliado à escassez dos recursos, de alguns desses países, levarão estes adolescentes a interessar-se e motivarem-se nestas novas causas, possibilitando assim, face a distintas realidades, uma contribuição válida pela troca de experiências pelos seus intercâmbios culturais. Nesta fase da vida, este grupo desenvolvimental passa por toda uma experiência comum, pois todos os sujeitos irão ser confrontados com as mesmas problemáticas, tais como a readaptação ás suas alterações físicas, à sua nova imagem, bem como ao despertar da sexualidade, e à aquisição de novas maneiras de pensar. Têm também objectivos comuns, tais como maturidade emocional e independência económica, por tudo isso a importância do grupo de pares, só eles capazes, na sua perspectiva, de entender e mensurar tais progressos. A Adolescência implica um processo evolutivo ao longo de 3 estados de maturação denominados: orgânico, psicológico e Social, que por sua vez abarcam 3 fases, que se identificam como: fase inicial dos 11 aos 14 anos, também reconhecida por puberdade, fase intermédia dos 13 aos 16 anos, a adolescência propriamente dita, em que se acentua o desenvolvimento cognitivo, e a fase final dos 15 aos 21 anos, em que a sua maturação física e mental entretanto adquiridas, questionam então o social, e privilegiam a relação interpessoal. Apesar da crise Identitária que atravessa todo este Estádio, adolescentes oriundos de famílias estruturadas, tendem a um maior equilíbrio principalmente na relação interpessoal, e que em parceria, se poderá adoptar nestes emergentes países. Mas nesta fase da vida, por ser uma das mais Auto-Reflexivas, o adolescente, agindo bem ou mal, têm sempre a noção das consequências dos seus actos, mesmo que siga fielmente o seu grupo de pares, em comportamentos de risco e atitudes socialmente criticáveis. Daí o indispensável auxílio prestado pela Educação e todos os seus intervenientes. A Adolescência representa um espaço e um tempo onde os jovens através de momentos de crescimento diversificados, reentregam o seu passado e infância numa nova esfera, que por sua vez cada uma engloba a sua fase de maturação, a sua época, a sua cultura e a sua história. De todas as etapas do ciclo de vida, a Adolescência é a mais relevante, no desenvolvimento psicológico do indivíduo . No campo específico da psicologia do desenvolvimento, a abordagem interacionista realçada por Piaget e Erikson, é neste contexto o melhor exemplo disso mesmo. Referências Bibliográficas: Matta, E. (2001). Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem.Lisboa: Universidade Aberta Morais, S. R. (1999).O desenvolvimento do processo cognitivo na criança segundo J. Piaget. Econonom Paiva Campos, B. (1990).Psicologia do Desenvolvimento e Educaçãode Jovens. Lisboa: Universidade Aberta Tavares et al. (2007). Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Porto: Porto Editora. S. D. Rana, 12 de Novembro de 2012

sábado, 27 de agosto de 2011

ENTREVISTA A REVISTA “ISTO É” : Miguel Chalub Psicólogobrasileiro de Minas Gerais

"O homem não aceita mais ficar triste"
Uma das maiores autoridades brasileiras em depressão, o médico diz que, hoje, qualquer tristeza é tratada como doença psiquiátrica. E que prefere-se recorrer
aos remédios a encarar o sofrimento.

RECEITA

Chalub afirma que muitos médicos se rendem aos laboratórios farmacêuticos e Indicam antidepressivos sem necessidade.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que a depressão será a doença mais comum do mundo em 2030 – atualmente, 121 milhões de pessoas sofrem do problema.
Para o psiquiatra mineiro Miguel Chalub, 70 anos, há um certo exagero nessas contas. Ele defende que tanto os pacientes quanto os médicos estão confundindo
tristeza com depressão. “Não se pode mais ficar triste, entediado, porque isso é imediatamente transformado em depressão”,disse em entrevista à ISTOÉ.

"Hoje, brigar com o marido, sair do emprego, qualquer motivo é válido para se dizer deprimido. Mas o sofrimento não significa depressão".

Professor das universidades Federal (UFRJ) e Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), ele afirma que os psiquiatras são os que menos receitam antidepressivos,
porque estão mais preparados para reconhecer as diferenças entre a “tristeza normal e a patológica”. Mas o despreparo dos demais especialistas não seria
o único motivo do que o médico chama de “medicalização da tristeza”. Muitos profissionais se deixam levar pelo lobby da indústria farmacêutica. “Os laboratórios
pagam passagens, almoços, dão brindes. Você, sem perceber, começa a fazer esse jogo.”

"Há a tendência de achar que o medicamento vai corrigir qualquer distorção humana. É a busca pela pílula da felicidade".
Istoé:
- Por que tantas previsões alarmantes sobre o aumento da depressão no mundo?

Miguel Chalub:
- Porque estão sendo computadas situações humanas de luto, de tristeza, de aborrecimento, de tédio. Não se pode mais ficar entediado, aborrecido, chateado,
porque isso é imediatamente transformado em depressão. É a medicalização de uma condição humana, a tristeza. É transformar um sentimento normal, que todos
nós devemos ter, dependendo das situações, numa entidade patológica.

Istoé:
- Por que isso aconteceu?

Miguel Chalub:
- A palavra depressão passou a ter dois sentidos. Tradicionalmente, designava um estado mental específico, quando a pessoa estava triste, mas com uma tristeza
profunda, vivida no corpo. A própria postura mostrava isso. Ela não ficava ereta, como se tivesse um peso sobre as costas. E havia também os sintomas físicos.
O aparelho digestivo não funcionava bem, a pele ficava mais espessa. Mas, nos últimos anos, a palavra depressão começou a ser usada para designar um estado
humano normal, o da tristeza. Há situações em que, se não ficarmos tristes, é um problema – como quando se perde um ente querido. Mas o homem não aceita
mais sentir coisas que são humanas, como a tristeza.

Istoé:
- A que se deve essa mudança?

Miguel Chalub:
- Primeiro, a uma busca pela felicidade. Qualquer coisa que possa atrapalhá-la tem que ser chamada de doença, porque, aí, justifica:
“Eu não sou feliz porque estou doente, não porque fiz opções erradas.” Dou uma desculpa a mim mesmo. Segundo, à tendência de achar que o remédio vai corrigir
qualquer distorção humana.
É a busca pela pílula da felicidade. Eu não preciso mais ser infeliz.

Istoé:
- O que diferencia a tristeza normal da patológica?

Miguel Chalub:
- A intensidade. A tristeza patológica é muito mais intensa. A normal é um estado de espírito. Além disso, a patológica é longa.

Istoé:
- Quanto tempo é normal ficar triste após a morte de um ente querido, por exemplo?

Miguel Chalub:
- Não dá para estabelecer um tempo. O importante é que a tristeza vai diminuindo. Se for assim, é normal. A pessoa tem que ir retomando sua vida.
Os próprios mecanismos sociais ajudam nisso. Por que tem missa de sétimo dia? Para ajudar a pessoa a ir se desonerando daquilo.

Istoé:
- Quais são os sintomas físicos ligados à depressão?

Miguel Chalub:
- Aperto no peito, dificuldade de se movimentar, a pessoa só quer ficar deitada, dificuldade de cuidar de si próprio, da higiene corporal.
Na tristeza normal, pode acontecer isso por um ou dois dias, mas, depois, passa. Na patológica, fica nas entranhas.

Istoé:
- Ainda há preconceito com quem tem depressão?

Miguel Chalub:
- Não. É o contrário. A vulgarização da depressão diminuiu o preconceito, mas criou outro problema, que é essa doença inexistente. Antes, a pessoa com
depressão era vista como fraca. Hoje, as pessoas dizem que estão deprimidas com a maior naturalidade. Não se fica mais triste. Se brigar com o marido,
se sair do emprego, qualquer motivo é válido para se dizer deprimido. Pode até ser que alguém fique realmente com depressão, mas, em geral, fica-se triste.
O sofrimento não significa depressão. E não justifica o uso de medicamentos.

Istoé:

- Os médicos não deveriam entender este processo?
Miguel Chalub:

- Os médicos não estão isentos da ideologia vigente. O que acontece é: você vem ao meu consultório. Eu acho que você não está deprimido, que está só passando
por uma situação difícil. Então, proponho que você faça um acompanhamento psicoterápico. Você não fica satisfeito e procura outro médico, que receita um
antidepressivo. Ele é o moderno, eu sou o bobão. Para não ser o bobão, eu receito um antidepressivo logo. É uma coisa inconsciente.


Istoé:
- Inconsciente?

Miguel Chalub:
- Os médicos querem corresponder à demanda. Senão, o paciente sairá achando que não foi bem atendido.
Receitando um antidepressivo, eles correspondem à demanda, porque a pessoa quer ser enquadrada como deprimida. Mas há a questão dos laboratórios. Eles bombardeiam
os médicos.

Istoé:
- A ponto de influenciar o comportamento deles?

Miguel Chalub:
- Se for um médico com boa formação em psiquiatria, mesmo que não seja psiquiatra, ele saberá rejeitar isso, mas outros não conseguem.
Eles se baseiam nos folhetos do laboratório. Não é por má-fé. Os laboratórios proporcionam muitas coisas. Pagam passagens, almoços, dão brindes. O médico,
sem perceber, começa a fazer o jogo. Porque me pagaram uma passagem aérea ou me deram um laptop, acabo receitando o que eles estão querendo.

Istoé:
- O médico se vende?

Miguel Chalub:
- Sim. Por isso é que há uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária proibindo os laboratórios de dar brindes aos médicos. Nenhum laboratório
suborna médico, não que eu saiba, nem vai chegar aqui e dizer: “Se você receitar meu remédio, vou lhe dar uma mensalidade.” Mas eles fazem esse tipo de
coisa, que é subliminar. O médico acaba tão envolvido quanto se estivesse recebendo um suborno realmente.


Istoé:
- Esse lobby é capaz de fazer um médico receitar certo remédio?

Miguel Chalub:
- Aí é a demanda e a lei do menor esforço. Se o paciente chegar se queixando de insônia, por exemplo, o que o médico deveria fazer era ensiná-lo como dormir.
Ou seja, aconselhar a tomar um banho morno, um copo de leite morno, por exemplo. Mas é mais fácil, tanto para o paciente quanto para o médico, receitar
um remédio para dormir.

Istoé:
- Os demais especialistas também receitam remédios psiquiátricos, não?

Miguel Chalub:
- Quem mais receita antidepressivos não são os psiquiatras, são os demais especialistas. Os psiquiatras têm uma formação para perceber que primeiro é preciso
ajudar a pessoa a entender o que está se passando com ela e depois, se for uma depressão mesmo, medicar. Agora, os outros, não querem ouvir. O paciente
diz: “Estou triste.” O médico responde: “Pois não”, e receita o remédio. Brinco dizendo o seguinte: se você for a um clínico, relate só o problema clínico.
Dor aqui, dor ali. Não fale que está chateado, senão vai sair com um antidepressivo. É algo que precisamos denunciar.

Istoé:
- Os psiquiatras deveriam ser os únicos autorizados a receitar esse tipo de medicamento?

Miguel Chalub:
- Não acho que seja motivo para isso. Os outros especialistas têm capacidade de receitar, desde que não entrem nessa falácia, nesse engodo.


Istoé:
- Mas os demais especialistas estão capacitados para receitar essas drogas?

Miguel Chalub:
- Em geral, não.

Istoé:
- É comum o paciente chegar ao consultório com um “diagnóstico” pronto?

Miguel Chalub:
- É muito comum. Uma vez chegou um paciente aqui que se apresentou assim: “João da Silva, bipolar”. Isso é uma apresentação que se faça? Quase respondi:
“Miguel Chalub, unipolar”. É uma distorção muito séria.

Istoé:
- O acesso à informação, nesse sentido, tem um lado ruim?

Miguel Chalub:
- A internet é uma faca de dois gumes. É bom que a pessoa se informe. A época em que o médico era o senhor absoluto acabou. Mas a informação via Google
ainda é precária. Muitas vezes, a depressão, por exemplo, é ansiedade. Mas as pessoas não querem conviver com a ansiedade, que é uma coisa desagradável,
mas que também faz parte da nossa humanidade. Tenho uma paciente que disse: “Ando com um ansiolítico na bolsa. Saí de casa, me aborreci, coloco ele para
dentro.” Então é isso? Se alguém me fala algo desagradável, eu tomo um ansiolítico? Isso é uma verdadeira amortização das coisas.

Istoé:
- O que causa a depressão?

Miguel Chalub:
- Esse é um dos grandes mistérios da medicina. A gente não sabe por que as pessoas ficam deprimidas. O mecanismo é conhecido, está ligado a uma substância
chamada serotonina, mas o que o desencadeia, não sabemos. Há teorias, ligadas à infância, a perdas muito precoces, verdadeiras ou até imaginárias – como
a criança que fica aterrorizada achando que vai perder os pais. As raízes da depressão estão na infância. Os acontecimentos atuais não levam à depressão
verdadeira, só muito raramente. Justamente o contrário do que se imagina. Mas mexer na infância é muito doloroso. Não tem remédio para isso. Precisa de
terapia, de análise, mas as pessoas não querem fazer, não querem mexer nas feridas. Então é melhor colocar um esparadrapo, para não ficar doendo, e pronto.
É a solução mais fácil.

Istoé:
- O antidepressivo é sempre necessário contra a depressão?

Miguel Chalub:
- Quando é depressão mesmo, tem que ter remédio.

Istoé:
- Há quem diga que hoje a moda é ter um psiquiatra, não um analista. O que sr. acha disso?

Miguel Chalub:
- As pessoas estão desamparadas. Desamparo é uma condição humana, mas temos que enfrentá-lo, assim como o fracasso, a solidão, o isolamento.
Não buscar psiquiatras e remédios. Em algum momento, isso pode ficar tão sério, tão agudo, que a pessoa pode precisar de uma ajuda, mas para que a ensinem
a enfrentar a situação. Ensina-me a viver, como no filme. Não é me dar pílulas, para eu ficar amortecido.

Istoé:
- O que é felicidade para o sr.?

Miguel Chalub:
- A OMS tem uma definição de saúde muito curiosa: a saúde é um completo estado de bem-estar físico, mental e social.
Essa é a definição de felicidade, não de saúde.
Felicidade, para mim, é estar bem consigo mesmo e com o outro. Estar bem consigo mesmo é também
aceitar limitações, sofrimento, incompetências, fracassos.
Ou seja, felicidade também é ficar triste de vez em quando.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

E-Fólio C (Ponto 3)
MAPA CONCEPTUAL ESCOLA VS FAMILIA
Microssistema Esossistema Mesossistema Macrossistema
Factores de: Factores de: Factores de: Factores de:
Risco Protecção Risco Protecção Risco Protecção Risco Protecção
Actividades dirigidas a grupos de risco X
Afectividade X X
Aprendizagem das normas sociais X X X X
Aprendizagem Supraindividual X X
Aumento das famílias monoparentais X
Comunicação Diálogo e Simbolização X X
Construção de Pontes Intergeracionais X
Divergência entre escolha de pares e aprovação parental X
Escassez de serviços e recursos de apoio aos mais necessitados X
Estabilidade Familiar X X
Estimulo inter-relacional com o meio físico e social X X X X
Excesso laboral vs escassez temporal para os filhos X X
Falta de comunicação e corresponsabilização Escola vs Família X
Integração sócio-cultural X X X X
Interajuda geracional familiar X
Interdependência X X X
Intimidade X X
Maus-tratos e/ou abandono X X
Consumo abusivo de substâncias e comportamentos desviantes X X
Planeamento Familiar X X
Privações físicas e/ou psíquicas X X X
programas gerais de sensibilização X X
prologamento da permanência dos filhos no seio familiar X
Redes de apoio Amigos/vizinhos X
Relacionamento dentro e fora do contexto familiar X X X
Resiliência X X X X X X X X
Sentimento de pertença X X
Serviços de Acção e apoio aos jovens portadores de deficiência X X X X
Serviços de Acção e apoio psico-social X X
Solidariedade e tolerância face ás decisões inter-relacionais X X X X
Suporte das tensões Relacionais X X




MAPA CONCEPTUAL ESCOLA VS FAMILIA
Microssistema Esossistema Mesossistema Macrossistema
Factores de: Factores de: Factores de: Factores de:
Risco Protecção Risco Protecção Risco Protecção Risco Protecção
Tensões Sociais e económicas X X
TV/Violência/Pornografia/Intrusão Vida Familiar X X
Valorização cultural das nossas crianças X X
Vinculação Familiar X
Violência doméstica X

São Domingos de Rana, 31 de Maio de 2010
E-Fólio C (pontos 1 e 2)

1. Fundamentação das características essenciais do Jovem Adulto numa perspectiva sócio-profissional

Após o período conturbado da adolescência, onde a busca Identitária se manifesta entre pares, tentando simultaneamente o maior afastamento ao vínculo parental, eis que chega um outro, já alicerçado e maturado pelos antecessores, abrangendo a fase etária entre os 22 e os 35 anos, denominado de “Jovem Adulto”.
E é durante esta etapa que o ser humano atinge o seu pico de vitalidade, força e resistência físicas, (20-30 anos) independentemente do género masculino ou feminino.
A fertilidade também atinge o seu auge neste estágio, apesar de alguns jovens retardarem os compromissos de continuidade da espécie, face aos objectivos académicos, de realização profissional, ou mesmo de autonomia/estabilidade financeira.
Aqui surge uma pequena nuance relativamente ao género, pois enquanto o sexo masculino poderá, a partir daqui (28 anos) ter um decréscimo gradual na produção de espermatozóides, que não o inibem de ser reprodutor até quase á Velhice, no sexo feminino o decréscimo da produção de óvulos, (25 a 30 anos) esgota uma janela temporal favorável, que ultrapassada acarreta riscos graves de saúde, quer para a gestação quer para a grávida e respectivo feto.
Um dos factores que mais potencia os padrões de desenvolvimento nesta fase, é a entrada do “Jovem Adulto” no ensino superior, que apesar de complexo e stressante, lhe faculta ambientes onde convergem os sistemas, psicológico, social, científico, desportivo, cultural e pedagógico, contribuindo para que tenha da vida, uma melhor Abordagem Construtivista.
Segundo a perspectiva de Erikson, nesta fase o “Jovem Adulto” tem também a necessidade de assumir uma relação de intimidade com outrem, que lhe trará maior ou menor estabilidade afectiva, quão maior for essa fusão Identitária, que contraponham intimidade e/ou isolamento, isto significa o assumir de novos compromissos mesmo que eles exijam alguns sacrifícios.
Neste estágio de vida, também é ultrapassada a impulsividade manifestada na adolescência, e floresce a Diferenciação e a Integração, que tal como teoriza Chickering, realça que os “Jovens Adultos” passam a dar importância ao seguinte: a optimizar as suas competências; a controlar as suas emoções; desenvolver as suas autonomias; fixar a sua identidade; promover as relações interpessoais; desenvolver valores e ideais; e promover a integridade inter-social.
Poder-se-á concluir então que para o “Jovem Adulto”, depois da fase de Transição como por exemplo a definição Identitária, a conclusão dos estudos superiores e orientação da carreira profissional, e ainda do encontro com o parceiro ideal, virá outra que Levison denomina como de Estabilidade, em que então estarão encontradas as melhores condições para a construção de um novo núcleo familiar (maternidade/paternidade), bem como para refinar as suas performances profissionais, e enfaticamente legar aos mais jovens, toda a mais-valia do seu Know-how já consolidado.


2. Conforme o solicitado, abaixo disponibilizo o Link da Apresentação inserida no Slideshare:
http://www.slideshare.net/secret/wjB1NKqkxfvFcQ

quinta-feira, 29 de abril de 2010

E – FÒLIO B (Parte III)
Crescer na Idade do Silício, a Realidade Virtual dos Adolescentes
As novas Tecnologias em especial a Internet, vieram contribuir para que os Jovens, cada vez mais cedo, sejam “dependentes” dos computadores, onde passam maior parte do tempo, não só com fins académicos, mas principalmente com fins lúdicos. A massivação dos jogos On-line (*2MMOG), bem como a fruição das redes sociais, leva os Adolescentes a passar cada vez mais tempo nessas realidades virtuais. As possibilidades que têm também de assumirem outras Identidades nesse universo, permite uma Comunicação gratificante mesmo ao mais tímido ou rejeitado socialmente.
Há quem atribua nocividade a estas dependências, para os jovens, mas também há quem pense de forma contrária. Pois se as suas utilizações podem levar ao isolamento pessoal e social, e anedonia do mundo real, por outro lado poderão também “fortalecer” as capacidades cognitivas, de inter-relações Psicossociais, e até no combate ao Stress.

Novos Perigos no Universo dos Adolescentes: O Cyber-Bollying
A utilização das novas Tecnologias também podem criar cenários persecutórios entre os Jovens, através do Cyber-Bollying efectuado por alguém mais forte, que persegue, ameaça ou amedronta os mais vulneráveis. Isso poderá levar os Jovens, a um mal-estar pessoal e social, que poderá culminar em graves problemas de saúde física e mental, inclusive o suicídio. Estes últimos, poder-se-ão sentir “encurralados” nessas ameaças cibernéticas, sem interlocutor no universo adulto que os ajude ou compreenda.

Novas Tecnologias: Novos Desafios e Oportunidades para os Jovens
O Boom das Novas Tecnologias, surgido na década de 90, veio de certa forma beneficiar os jovens, muito melhor preparados para “explorar” e “desenvolver” essas novas ferramentas, sem modelos adultos de referência.
Essas técnicas aplicadas nas áreas, académica, profissional, científica, entre outras, antevêem desafios universais onde as novas gerações terão forçosamente um papel crucial.
Resta aos políticos, ás Famílias, bem como as Comunidades envolventes, estarem alertas, e arreigarem objectivos bem definidos, para fazer face a esses emergentes desafios.

Síntese
A Adolescência representa um espaço e um tempo onde os Jovens através de momentos de crescimentos diversificados, reintegram o seu passado e infância numa nova esfera. Esta reestruturação implica a opção por valores, a orientação sexual, a descoberta da Identidade, a decisão vocacional e a integração social. Este processo apoia-se também em retrocessos, com vontade de voltar a ser criança, sozinho, com o melhor amigo, com e contra os pais, e “ladeado” pelos seus ídolos. Assim falamos de Adolescências, cada uma com a sua infância, a sua fase de Maturação, a sua época, a sua cultura e a sua história.
Embora a necessidade de relacionamento entre iguais, esteja sempre presente ao longo de todas as etapas do ciclo de vida, na Adolescência adquire um papel relevante no desenvolvimento psicológico do sujeito.
No campo da Psicologia do Desenvolvimento, a abordagem Interaccionista, realçada por Piaget e Erikson, é neste contexto, espelho do que aqui retratamos.

Notas
Estágios da Adolescência:
Adolescência inicial 11-14 anos, desenvolvimento físico, com predominância dos órgãos sexuais.
Adolescência intermédia 13-16 anos, predominância das capacidades cognitivas e auto reflectivas, apesar de ainda algum manifestado egocentrismo.
Adolescência final 15-21 anos, predominância no convívio social entre Pares.

Palavras-Chave

*1 TPS – Teoria de Perspectiva Social, Robert Selman,1980
*2 MMOG - Massive Multiplayer On-line Games
http://www.voki.com/php/viewmessage/?chsm=1a7c8f9d2f81a21b0d68c65edfd304a3&mId=455899