quinta-feira, 3 de junho de 2010

E-Fólio C (Ponto 3)
MAPA CONCEPTUAL ESCOLA VS FAMILIA
Microssistema Esossistema Mesossistema Macrossistema
Factores de: Factores de: Factores de: Factores de:
Risco Protecção Risco Protecção Risco Protecção Risco Protecção
Actividades dirigidas a grupos de risco X
Afectividade X X
Aprendizagem das normas sociais X X X X
Aprendizagem Supraindividual X X
Aumento das famílias monoparentais X
Comunicação Diálogo e Simbolização X X
Construção de Pontes Intergeracionais X
Divergência entre escolha de pares e aprovação parental X
Escassez de serviços e recursos de apoio aos mais necessitados X
Estabilidade Familiar X X
Estimulo inter-relacional com o meio físico e social X X X X
Excesso laboral vs escassez temporal para os filhos X X
Falta de comunicação e corresponsabilização Escola vs Família X
Integração sócio-cultural X X X X
Interajuda geracional familiar X
Interdependência X X X
Intimidade X X
Maus-tratos e/ou abandono X X
Consumo abusivo de substâncias e comportamentos desviantes X X
Planeamento Familiar X X
Privações físicas e/ou psíquicas X X X
programas gerais de sensibilização X X
prologamento da permanência dos filhos no seio familiar X
Redes de apoio Amigos/vizinhos X
Relacionamento dentro e fora do contexto familiar X X X
Resiliência X X X X X X X X
Sentimento de pertença X X
Serviços de Acção e apoio aos jovens portadores de deficiência X X X X
Serviços de Acção e apoio psico-social X X
Solidariedade e tolerância face ás decisões inter-relacionais X X X X
Suporte das tensões Relacionais X X




MAPA CONCEPTUAL ESCOLA VS FAMILIA
Microssistema Esossistema Mesossistema Macrossistema
Factores de: Factores de: Factores de: Factores de:
Risco Protecção Risco Protecção Risco Protecção Risco Protecção
Tensões Sociais e económicas X X
TV/Violência/Pornografia/Intrusão Vida Familiar X X
Valorização cultural das nossas crianças X X
Vinculação Familiar X
Violência doméstica X

São Domingos de Rana, 31 de Maio de 2010
E-Fólio C (pontos 1 e 2)

1. Fundamentação das características essenciais do Jovem Adulto numa perspectiva sócio-profissional

Após o período conturbado da adolescência, onde a busca Identitária se manifesta entre pares, tentando simultaneamente o maior afastamento ao vínculo parental, eis que chega um outro, já alicerçado e maturado pelos antecessores, abrangendo a fase etária entre os 22 e os 35 anos, denominado de “Jovem Adulto”.
E é durante esta etapa que o ser humano atinge o seu pico de vitalidade, força e resistência físicas, (20-30 anos) independentemente do género masculino ou feminino.
A fertilidade também atinge o seu auge neste estágio, apesar de alguns jovens retardarem os compromissos de continuidade da espécie, face aos objectivos académicos, de realização profissional, ou mesmo de autonomia/estabilidade financeira.
Aqui surge uma pequena nuance relativamente ao género, pois enquanto o sexo masculino poderá, a partir daqui (28 anos) ter um decréscimo gradual na produção de espermatozóides, que não o inibem de ser reprodutor até quase á Velhice, no sexo feminino o decréscimo da produção de óvulos, (25 a 30 anos) esgota uma janela temporal favorável, que ultrapassada acarreta riscos graves de saúde, quer para a gestação quer para a grávida e respectivo feto.
Um dos factores que mais potencia os padrões de desenvolvimento nesta fase, é a entrada do “Jovem Adulto” no ensino superior, que apesar de complexo e stressante, lhe faculta ambientes onde convergem os sistemas, psicológico, social, científico, desportivo, cultural e pedagógico, contribuindo para que tenha da vida, uma melhor Abordagem Construtivista.
Segundo a perspectiva de Erikson, nesta fase o “Jovem Adulto” tem também a necessidade de assumir uma relação de intimidade com outrem, que lhe trará maior ou menor estabilidade afectiva, quão maior for essa fusão Identitária, que contraponham intimidade e/ou isolamento, isto significa o assumir de novos compromissos mesmo que eles exijam alguns sacrifícios.
Neste estágio de vida, também é ultrapassada a impulsividade manifestada na adolescência, e floresce a Diferenciação e a Integração, que tal como teoriza Chickering, realça que os “Jovens Adultos” passam a dar importância ao seguinte: a optimizar as suas competências; a controlar as suas emoções; desenvolver as suas autonomias; fixar a sua identidade; promover as relações interpessoais; desenvolver valores e ideais; e promover a integridade inter-social.
Poder-se-á concluir então que para o “Jovem Adulto”, depois da fase de Transição como por exemplo a definição Identitária, a conclusão dos estudos superiores e orientação da carreira profissional, e ainda do encontro com o parceiro ideal, virá outra que Levison denomina como de Estabilidade, em que então estarão encontradas as melhores condições para a construção de um novo núcleo familiar (maternidade/paternidade), bem como para refinar as suas performances profissionais, e enfaticamente legar aos mais jovens, toda a mais-valia do seu Know-how já consolidado.


2. Conforme o solicitado, abaixo disponibilizo o Link da Apresentação inserida no Slideshare:
http://www.slideshare.net/secret/wjB1NKqkxfvFcQ

quinta-feira, 29 de abril de 2010

E – FÒLIO B (Parte III)
Crescer na Idade do Silício, a Realidade Virtual dos Adolescentes
As novas Tecnologias em especial a Internet, vieram contribuir para que os Jovens, cada vez mais cedo, sejam “dependentes” dos computadores, onde passam maior parte do tempo, não só com fins académicos, mas principalmente com fins lúdicos. A massivação dos jogos On-line (*2MMOG), bem como a fruição das redes sociais, leva os Adolescentes a passar cada vez mais tempo nessas realidades virtuais. As possibilidades que têm também de assumirem outras Identidades nesse universo, permite uma Comunicação gratificante mesmo ao mais tímido ou rejeitado socialmente.
Há quem atribua nocividade a estas dependências, para os jovens, mas também há quem pense de forma contrária. Pois se as suas utilizações podem levar ao isolamento pessoal e social, e anedonia do mundo real, por outro lado poderão também “fortalecer” as capacidades cognitivas, de inter-relações Psicossociais, e até no combate ao Stress.

Novos Perigos no Universo dos Adolescentes: O Cyber-Bollying
A utilização das novas Tecnologias também podem criar cenários persecutórios entre os Jovens, através do Cyber-Bollying efectuado por alguém mais forte, que persegue, ameaça ou amedronta os mais vulneráveis. Isso poderá levar os Jovens, a um mal-estar pessoal e social, que poderá culminar em graves problemas de saúde física e mental, inclusive o suicídio. Estes últimos, poder-se-ão sentir “encurralados” nessas ameaças cibernéticas, sem interlocutor no universo adulto que os ajude ou compreenda.

Novas Tecnologias: Novos Desafios e Oportunidades para os Jovens
O Boom das Novas Tecnologias, surgido na década de 90, veio de certa forma beneficiar os jovens, muito melhor preparados para “explorar” e “desenvolver” essas novas ferramentas, sem modelos adultos de referência.
Essas técnicas aplicadas nas áreas, académica, profissional, científica, entre outras, antevêem desafios universais onde as novas gerações terão forçosamente um papel crucial.
Resta aos políticos, ás Famílias, bem como as Comunidades envolventes, estarem alertas, e arreigarem objectivos bem definidos, para fazer face a esses emergentes desafios.

Síntese
A Adolescência representa um espaço e um tempo onde os Jovens através de momentos de crescimentos diversificados, reintegram o seu passado e infância numa nova esfera. Esta reestruturação implica a opção por valores, a orientação sexual, a descoberta da Identidade, a decisão vocacional e a integração social. Este processo apoia-se também em retrocessos, com vontade de voltar a ser criança, sozinho, com o melhor amigo, com e contra os pais, e “ladeado” pelos seus ídolos. Assim falamos de Adolescências, cada uma com a sua infância, a sua fase de Maturação, a sua época, a sua cultura e a sua história.
Embora a necessidade de relacionamento entre iguais, esteja sempre presente ao longo de todas as etapas do ciclo de vida, na Adolescência adquire um papel relevante no desenvolvimento psicológico do sujeito.
No campo da Psicologia do Desenvolvimento, a abordagem Interaccionista, realçada por Piaget e Erikson, é neste contexto, espelho do que aqui retratamos.

Notas
Estágios da Adolescência:
Adolescência inicial 11-14 anos, desenvolvimento físico, com predominância dos órgãos sexuais.
Adolescência intermédia 13-16 anos, predominância das capacidades cognitivas e auto reflectivas, apesar de ainda algum manifestado egocentrismo.
Adolescência final 15-21 anos, predominância no convívio social entre Pares.

Palavras-Chave

*1 TPS – Teoria de Perspectiva Social, Robert Selman,1980
*2 MMOG - Massive Multiplayer On-line Games
http://www.voki.com/php/viewmessage/?chsm=1a7c8f9d2f81a21b0d68c65edfd304a3&mId=455899
E - FÓLIO B (Parte II)
“A Família mais os Amigos” ou “A Família ou os Amigos”: o que se sabe
Os pais através das suas práticas, influenciam os jovens, nas atitudes que estes vêm a tomar perante os Pares. Essas atitudes se forem de responsabilização e procedimento autónomo, irão facilitar as suas relações interpessoais futuras. Há mesmo quem defenda que este saudável duplo convívio, se traduz nos jovens num maior bem-estar emocional, e que essa autonomia adquirida, não só permite uma melhor percepção dos diversos pontos de vista (*1 TPS), como lhes confere uma relevante importância nas decisões tomadas em família. Quanto a comportamentos de risco, com excepção do álcool. Todos os outros são influenciados na grande maioria pelos Pares, que na procura de novas sensações, interagem com factores contextuais, altamente potenciadores deste tipo de comportamentos.
Os Pares poderão substituir relações insatisfatórias com os pais, mas serão menos agressivos, deprimidos e antipáticos, todos os jovens que consigam manter uma boa relação com ambos. Se a essas boas relações se juntar uma outra com a Escola, o seu resultado potenciará uma menor probabilidade para comportamentos de risco. Enquanto a Família, influencia mais os Jovens nas decisões de âmbito Escolar, de futuro profissional, e/ou de saúde, os Pares influenciam-nos de modo definitivo quanto aos gostos juvenis, de moda, e nas dúvidas emocionais e de cariz sexual.
Então poder-se-á dizer que os Adolescentes evoluem de uma dependência Vinculativa face aos pais, para uma autonomia adulta, regulada pelas emoções, capacidades cognitivas e sociais, adquiridas entre Pares.

Grupo de Pares e Culturas Juvenis: o que se sabe
Na sequência do atrás mencionado, o Grupo de Pares tem para os Adolescentes, outros papéis importantes, tais como: oportunidade de crescimento pessoal; validação de novos interesses e/ou expectativas; interajuda em novas situações, inclusive as de Stress; de competências de tomadas de decisão; de maior adaptabilidade e consequente autoestima. E também poderão, em algumas situações, ser preventores de isolamento e depressão.
Os Grupos reúnem-se em locais como Pubs, discotecas, concertos musicais, ou festas particulares, onde normalmente desfilam os seus modos e ritos, condizentes com a sua faixa etária. Isso fá-los sentir-se aceites no grupo, graças a essa adopção de normas. Também são adaptados Rótulos Sociais, que denominam grandes grupos (Crowd, mais de 10 elementos), tais como: os estudiosos (Brains); os que faltam muito, consomem drogas, ou são problemáticos na Escola (freaks ou Droggies), etc. Os Adolescentes afiliam-se também em pequenos Grupos denominados (cliques, menos de 6 elementos), podendo no seio destes, variar a sua afiliação.
O Adolescente, têm nos seus Grupos de Amigos, um (próximo) que se destaca pelo seu recíproco suporte social, que tanto o pode ajudar positivamente, como pode ser factor preponderante para os já mencionados comportamentos de risco.
No seio dos Grupos, o adolescente experimenta um espaço de diálogo sobre os seus reais problemas, variadas e renovadas inter-relações, fulcrais na gestão de conflitos, bem como na sociabilidade gratificante, aumentando assim as suas competências emocionais e cognitivas,”ensaiando” a formação para a vida adulta.
O melhor preditor do ajustamento na idade adulta, não será nem a inteligência nem a Escolaridade, mas sim a capacidade adquirida na inter-relação social.

As Tribos Musicais e Urbanas na Adolescência
Os Adolescentes consoante o Grupo de Pares onde se inserem, assim escolhem as suas preferências musicais, tais como p.e. o Punk, Heavy Metal, Raggae, Soul, House, com a maior predominância para o hip-hop, estilo mais associado aos problemas urbanos, retratados nas suas letras normalmente de contestação e reivindicação. As novas Tecnologias vieram permitir os Mega Concertos, que arrastam os Adolescentes para verem os seus ídolos ao vivo, bem como a possibilidade de os poderem “levar” consigo para qualquer lado, directamente do computador para os seus Ipod e telemóveis, ouvindo-os nos auriculares.
E - FÓLIO B (Parte I)
SAÚDE NA ADOLESCÊNCIA: RISCOS E DESAFIOS

Adolescência: o que se sabe
Com a repentina mudança biológica na Puberdade, os jovens iniciam paralelamente uma transformação Psicossocial, que os aproximam dos seus Pares, principalmente da relação com o sexo oposto, e os faz reequacionar um projecto de vida, que poderá variar consoante os contextos socioculturais onde se inserem, podendo estes acarretar maiores ou menores factores de risco para a sua própria saúde e bem-estar. Os cenários familiares, Escolares ou entre Pares, observados, desempenham um papel fundamental, para a sua matriz Identitária, pois será através deles que construirão as suas relações interpessoais, presentes e futuras. Também daí resultarão consequentes atitudes sociais e de saúde, transformados quer em isolamento, quer em agressividade e rebeldia, quer ainda em comportamentos de risco, p.e. o consumo de álcool, drogas, e nas relações sexuais.

A Família: o que se sabe
No espectro familiar, a criança vai diariamente “modelando” as suas estruturas cognitivas e afectivas, construtoras da sua real representação do mundo onde se insere. Os contextos familiares envolventes, de educação, socioeconómicos, e/ou de responsabilidade parental, são fundamentais no impacto sócio-emocional de desenvolvimento psíquico da criança.
As crianças e jovens oriundas de famílias de baixos rendimentos, estão mais sujeitas a violência e a rupturas familiares, que mais tarde ou mais cedo se repercutem em factores endógenos na construção da sua própria Identidade.
Esse estilo parental mais punitivo (ameaça) e de rejeição (passividade), não permite desenvolver nos jovens mecanismos de auto-regulação, e estratégias de solução de conflitos, indutoras para uma Moralidade autónoma. Em contrapartida a sua percepção, num controlo parental, de forma democrática (direitos/deveres) e participativa (actividade/cooperação), pelo menos com um dos progenitores, induz nos jovens, sentimentos de competência social, autonomia, e independência.

Os Amigos: o que se sabe
Desde cedo as crianças se envolvem em jogos sociais entre Pares, promotores da sua empatia e dos seus controlos emocionais. Quanto maior a popularidade de uma criança entre Pares, maior a facilidade que terá nas relações interpessoais, bem como nas oportunidades de aprendizagem e competências práticas. Em contrapartida as crianças de pouca popularidade, tendem a isolar-se e a tornar-se anti-sociais. Crianças e Jovens socialmente rejeitados, tendem para a agressividade, conflitualidade, a baixa auto-estima, que obviamente se vai repercutir no rendimento Escolar, e nas suas inter-relações.
Alguns estudiosos relacionam estas relações, com o precoce estilo de Vinculação parental.
A criança entre os 5-8 anos de idade, evolui da perspectiva centralizada no individualismo, até à perspectiva empática cooperativista, onde a amizade facilita as, interajuda e intimidade.
A amizade estimula também a autoconfiança e bem-estar psicológico, sendo atribuído ao género masculino a partilha de actividades, enquanto no género feminino se atribui a partilha da confiança e de sentimentos. Mesmo quando os jovens consomem álcool ou drogas, estes actos associam-se a uma busca de uma intimidade interpessoal. A imagem e avaliação sociais, podem ser afectadas pela cultura, valores e normas estabelecidas.

domingo, 28 de março de 2010

Parte II (Questionário)

1 – “No desenvolvimento dos músculos e da aquisição da mobillidade, a criança típica de dois anos é comparável a um chimpanzé bebé de dois meses, a um coelho de duas semanas e a um potro de duas horas.
O que explica estes ritmos diferentes de desenvolvimento?
1 – No meu simples entender, tal como enfatiza Darwin na sua Teoria da evolução, as diferentes espécies têm ao longo de milhares de anos delegado os seus genes através dos indivíduos mais capazes, melhorando-os de forma natural, com constantes adaptações aos meios e condições particulares de envolvência. O ser humano não foge dessa evolução, tendo desenvolvido de forma mais complexa as capacidades mentais e de cognição. Também, e por isso mesmo, a sua longevidade é maior que as dos outros seres aqui comparados.

2 – Henry Goddard, em 1912, estudou a genealogia de duas linhagens de dois ramos da família Kallikak. Um soldado da guerra americana teve dois envolvimentos amorosos: um com “uma mulher de bem”e com quem casou – os “bons” Kallikak e outro com uma rapariga clemente, empregada de uma taberna – os “maus” Kallikak. A mulher de bem deu-lhe sete filhos de “bom porte” e dos quais descenderam centenas de melhores tipos de seres humanos, médicos, advogados, negociantes e até reitores. A empregada de taberna deu-lhe um filho ilegítimo, mais tarde conhecido por velho terror . Nos descendentes dos maus Kallikak só encontrou ladrões de cavalos, prostitutas, alcoólicos e todos com um nível baixo de inteligência.
O que é que os estudos de Goddard tentaram provar?
2 – Tentam provar as teses de Arnold Gesell, na abordagem maturacionista, que atribui de forma hereditária uma exclusividade aos códigos genéticos no que diz respeito ao desenvolvimento humano. O conceito nature está aqui especificamente representado, em pelo menos 50%, visto que as heranças genéticas destes descendentes só espelham e acentuam as características maternas.

3 – Watson, em 1927, proclamou a sua famosa frase: “dêem-me um bebé e eu farei dele o que quiser, um ladrão ou um juiz, um pistoleiro ou um médico…comente esta afirmação.

3 – Watson criador da corrente behaviurista ou comportamentalista, defende que o ser humano é em primeiro lugar, o produto dos estímulos provenientes dos meios envolventes, sejam eles ambientais, culturais ou sociais, e comporta-se, reage e desenvolve-se consoante esses mesmos estímulos.

4 – A história de Victor Averon foi apresentada no filme famoso de F. Truffaut. O menino selvagem foi uma criança abandonada à nascença e criada com lobos. Quando a encontraram aparentava ter cerca de doze anos. Foi treinada e educada pela equipa do Dr. Itard. Conseguiu fazer algumas aquisições a nível da postura, da linguagem e conseguiu exprimir afectos. Contudo, não conseguiu atingir os níveis de desenvolvimento típicos da sua idade. Quais seriam os argumentos utilizados pelos defensores da hereditariedade e pelos defensores do meio ambiente relativamente aos progressos desta criança?
4 – Os defensores da hereditariedade iriam argumentar que apesar da criança ter sido criada pelos lobos, e que apesar do “atrofiamento” do seu desenvolvimento psicomotor, os seus Genes humanos mesmo assim permitiram-lhe ainda alguma evolutiva capacidade de aprendizagem.
Quanto aos defensores do meio ambiente, argumentariam exactamente o contrário, que o seu deficitário desenvolvimento fora motivado por ter sido criado num meio que não é o seu de raiz, não propício ás reais capacidades evolutivas da sua espécie, bem como a sonegação da aprendizagem entre pares.

5 – Qual terá maior influência no processo da aprendizagem, nature (relacionada com factores hereditários) ou norture (relativa à influência do meio ambiente)? Justifique a sua opinião.

5 – No meu simples modo de ver ambos os factores pesam no desenvolvimento da criança, mas creio ser mais relevante os meios envolventes que a rodeiam nos diversos estágios desde o seu nascimento, até porque os seus aprendizados resultam em grande parte das experiências de vida e das mimeses trocadas entre pares, apreendendo assim melhor ou pior, as regras e critérios socioculturais “impostas” no seus meios de inserção.

6 – Uma das formas de verificar até que ponto as crenças ou atitude estão enraizadas em cada um de nós é responder ás questões que se seguem. Assinale o seu grau de concordância relativamente a cada uma das afirmações com: Concordo; Concordo muito; Discordo; Discordo muito.

A - O sucesso ou insucesso das experiências de uma pessoa está realmente nas cartas. Afinal de contas a maior parte dos delinquentes juvenis não tem origem numa família onde os pais revelem uma tendência para a delinquência.
A - Discordo.
B – A motivação e o impulso determinam quem atinge um nível quase perfeito. A aptidão contribui. Afinal, Thomas Edison disse que a genialidade é1% de inspiração e 99% de transpiração.
B – Concordo muito.
C – John Locke, filósofo Inglês do século XVII, acreditava que, no nascimento a mente era uma tábua rasa. Esta opinião está assente na perspectiva behaviurista do desenvolvimento.
C – Concordo.
D – É importante consultar o meu horóscopo, especialmente se vou enfrentar situações que exigem decisões importantes.
D – Discordo muito.
E - Se quiser ter sucesso siga o conselho de ir viver para o litoral, pois aí o clima é mais propício à sua obtenção.
E - Discordo.
F – O comportamento é o resultado da hereditariedade a interagir com o meio a interagir com o tempo.
F – Concordo muito.
Parte I (Síntese)
A psicologia do Desenvolvimento é a área das ciências humanas que mais se tem dedicado ao estudo do ser humano, nos seus mais diversos estágios.
Desde o século XIX, acompanhando a evolução da ciência, que o avalia, bem como aos seus desenvolvimentos, biológico, psicológico, bem como a sua inter relação com o meio onde esteve e/ou está inserido.
Estas observações inicialmente eram efectuadas somente em crianças e jovens, mas Erikson veio de forma pioneira, contribuir para o estudo com as observações nos diversos Estágios que vão desde o nascimento até à morte.
Nestes estudos existem várias concepções, que tentam explicar o desenvolvimento humano durante a sua vivência, umas defendendo a tese da hereditariedade ”Nature”, outras em contrário defendendo que os factores de aprendizagem bem como do meio envolvente “Norture”, serão decisivos nesse mesmo desenvolvimento, outras ainda que juntam as duas primeiras ou seja hereditariedade, aprendizagem e os meios, físico e social envolventes, todas elas influentes na graduação da psique humana.
Ao conceito Nature podemos associar a abordagem Maturacionista defendida por Tiesel, que perspectiva as características do desenvolvimento humano tendo como principal factor, a herança genética, que evolui fisiologicamente, de forma inata, desde o nascimento, atribuindo assim as diferenças entre os sujeitos ao reflexo das próprias diversidades hereditárias.
Ao conceito Norture, podemos associar a abordagem Behaviurista, segundo a qual os factores principais para o desenvolvimento do ser humano, serão a aprendizagem e os meios envolventes, subvalorizando assim os valores genéticos.
Reunindo os dois conceitos anteriores, e também por consequência das, globalização e da interacção, surge a abordagem Interaccionista, defendida por Piaget e Erikson, que valorizam a importância tanto da herança genética, como dos valores contextuais e da aprendizagem, indissociáveis para o desenvolvimento do ser humano.
Este último, passa a ser como que um”sistema aberto”, onde os factores biológico, de maturação, psico-social, histórico-cultural, pesam mais ou menos, consoante a gradual vivência do indivíduo.
Através destas observações, surgem então as Teorias mais relevantes no estudo da psicologia do desenvolvimento humano, a saber: Psicanalítca; Behaviurista; Cognitivista e Humanista, cada uma com especificidade nos métodos e análise.
Teoria Psicanalítica: Desenvolvida por Freud, a partir de estudos efectuados em doentes mentais, seus residuais conflitos psíquicos da infância, de origem sexual. Analisou vários estágios que vão desde o nascimento até à puberdade, seus conflitos entre a pulsão sexual versus forças opostas, e definiu a zona erógena como seu factor primordial.
Teoria Behaviurista: Defendida por Pavlov, Watson, e mais tarde por Skinner, que assenta no conceito de “Tábua rasa”, do filósofo John Locke, que já nos finais do Século XVII, segundo a sua perspectiva, afirmava que o ser humano nascia vazio de ideias e concepções inatas, e os factores contextuais, é que lhe “moldavam” os comportamentos, pensamentos e sentimentos.
Teoria Cognitivista: Esta teoria abrangida pela abordagem Interaccionista, foi desenvolvida por Piaget, que através de estudos efectuados com crianças, realçou a estruturação das suas, natureza e evolução cognitiva, (Estruturalismo), que defende que o ser humano quando nasce, já é portador de um manancial genético, que vai ao longo da vida interagindo de forma dinâmica, com o meio que o rodeia, e com isso constrói activamente (Construtivismo), o seu próprio conhecimento e realidade.
Para esse desenvolvimento intelectual, o sujeito utiliza mecanismos de adaptação, tais como a Assimilação, a Acomodação e a Equilibração, mecanismos reguladores, que vão incorporar os seus novos esquemas mentais, sendo a Equilibração o “fiel” entre a Assimilação e a Acomodação.
Teoria Humanista: Esta teoria surge em meados do século XX, e vem confrontar a Bihaviurista, no que diz respeito ao predomínio do meio envolvente, bem como ás pulsões sexuais realçadas por Freud, defendendo assim que o desenvolvimento do ser humano, depende da sua espontaneidade, criatividade e autodeterminação, que o faz tomar decisões em consciência, autónomas e direccionais ao longo da vida, sempre na busca do significado da sua existência, em analogia com a área Existencialista, vertente dos estudos filósofos.
Um dos mais importantes defensores desta teoria, foi Abraham Maslow, que defende que o ser humano precisa constantemente de uma auto-actualização, impulsionadora do seu potencial desenvolvimento, e que para tal se organiza representativamente em forma de pirâmide, tendo como base as suas necessidades fisiológicas e de sobrevivência, e no cume as necessidades mais complexas, tais como as de realização pessoal. Assim o ser humano ao longo do seu desenvolvimento, progride desde a base até ao topo, excepto quando se depara com obstáculos intransponíveis.
Em conclusão, e sejam quais forem as “teses” defendidas pelos estudiosos da psicologia do desenvolvimento no Ser Humano, todas elas realçam que como factor primordial, o indivíduo, deverá sempre ser analisado, como uma unidade biopsicossocial.
Parte I (Síntese)
A psicologia do Desenvolvimento é a área das ciências humanas que mais se tem dedicado ao estudo do ser humano, nos seus mais diversos estágios.
Desde o século XIX, acompanhando a evolução da ciência, que o avalia, bem como aos seus desenvolvimentos, biológico, psicológico, bem como a sua inter relação com o meio onde esteve e/ou está inserido.
Estas observações inicialmente eram efectuadas somente em crianças e jovens, mas Erikson veio de forma pioneira, contribuir para o estudo com as observações nos diversos Estágios que vão desde o nascimento até à morte.
Nestes estudos existem várias concepções, que tentam explicar o desenvolvimento humano durante a sua vivência, umas defendendo a tese da hereditariedade ”Nature”, outras em contrário defendendo que os factores de aprendizagem bem como do meio envolvente “Norture”, serão decisivos nesse mesmo desenvolvimento, outras ainda que juntam as duas primeiras ou seja hereditariedade, aprendizagem e os meios, físico e social envolventes, todas elas influentes na graduação da psique humana.
Ao conceito Nature podemos associar a abordagem Maturacionista defendida por Tiesel, que perspectiva as características do desenvolvimento humano tendo como principal factor, a herança genética, que evolui fisiologicamente, de forma inata, desde o nascimento, atribuindo assim as diferenças entre os sujeitos ao reflexo das próprias diversidades hereditárias.
Ao conceito Norture, podemos associar a abordagem Behaviurista, segundo a qual os factores principais para o desenvolvimento do ser humano, serão a aprendizagem e os meios envolventes, subvalorizando assim os valores genéticos.
Reunindo os dois conceitos anteriores, e também por consequência das, globalização e da interacção, surge a abordagem Interaccionista, defendida por Piaget e Erikson, que valorizam a importância tanto da herança genética, como dos valores contextuais e da aprendizagem, indissociáveis para o desenvolvimento do ser humano.
Este último, passa a ser como que um”sistema aberto”, onde os factores biológico, de maturação, psico-social, histórico-cultural, pesam mais ou menos, consoante a gradual vivência do indivíduo.
Através destas observações, surgem então as Teorias mais relevantes no estudo da psicologia do desenvolvimento humano, a saber: Psicanalítca; Behaviurista; Cognitivista e Humanista, cada uma com especificidade nos métodos e análise.
Teoria Psicanalítica: Desenvolvida por Freud, a partir de estudos efectuados em doentes mentais, seus residuais conflitos psíquicos da infância, de origem sexual. Analisou vários estágios que vão desde o nascimento até à puberdade, seus conflitos entre a pulsão sexual versus forças opostas, e definiu a zona erógena como seu factor primordial.
Teoria Behaviurista: Defendida por Pavlov, Watson, e mais tarde por Skinner, que assenta no conceito de “Tábua rasa”, do filósofo John Locke, que já nos finais do Século XVII, segundo a sua perspectiva, afirmava que o ser humano nascia vazio de ideias e concepções inatas, e os factores contextuais, é que lhe “moldavam” os comportamentos, pensamentos e sentimentos.
Teoria Cognitivista: Esta teoria abrangida pela abordagem Interaccionista, foi desenvolvida por Piaget, que através de estudos efectuados com crianças, realçou a estruturação das suas, natureza e evolução cognitiva, (Estruturalismo), que defende que o ser humano quando nasce, já é portador de um manancial genético, que vai ao longo da vida interagindo de forma dinâmica, com o meio que o rodeia, e com isso constrói activamente (Construtivismo), o seu próprio conhecimento e realidade.
Para esse desenvolvimento intelectual, o sujeito utiliza mecanismos de adaptação, tais como a Assimilação, a Acomodação e a Equilibração, mecanismos reguladores, que vão incorporar os seus novos esquemas mentais, sendo a Equilibração o “fiel” entre a Assimilação e a Acomodação.
Teoria Humanista: Esta teoria surge em meados do século XX, e vem confrontar a Bihaviurista, no que diz respeito ao predomínio do meio envolvente, bem como ás pulsões sexuais realçadas por Freud, defendendo assim que o desenvolvimento do ser humano, depende da sua espontaneidade, criatividade e autodeterminação, que o faz tomar decisões em consciência, autónomas e direccionais ao longo da vida, sempre na busca do significado da sua existência, em analogia com a área Existencialista, vertente dos estudos filósofos.
Um dos mais importantes defensores desta teoria, foi Abraham Maslow, que defende que o ser humano precisa constantemente de uma auto-actualização, impulsionadora do seu potencial desenvolvimento, e que para tal se organiza representativamente em forma de pirâmide, tendo como base as suas necessidades fisiológicas e de sobrevivência, e no cume as necessidades mais complexas, tais como as de realização pessoal. Assim o ser humano ao longo do seu desenvolvimento, progride desde a base até ao topo, excepto quando se depara com obstáculos intransponíveis.
Em conclusão, e sejam quais forem as “teses” defendidas pelos estudiosos da psicologia do desenvolvimento no Ser Humano, todas elas realçam que como factor primordial, o indivíduo, deverá sempre ser analisado, como uma unidade biopsicossocial.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Minhas metodologias de trabalho adequadas à UC

Para o meu estudo pessoal das matérias dadas, começo normalmente por ler os textos de uma forma integral, para grosso modo entender as temáticas em causa. Depois disso costumo fazer resumos que não só facilitam o meu entendimento e assimilação passo a passo, mas que também sintetizam de forma abrangente os conteúdos bibliográficos inerentes.
Também dou real importância ás opiniões dos colegas, retirando por vezes deles, tópicos importantes que valorizam de alguma maneira os resumos já elaborados por mim.
E claro está, sempre atento as directrizes dos docentes.
Por outro lado faço o processo da avaliação da minha aprendizagem, quando concluo que apreendi realmente algo de novo, aferindo isso mesmo, no final quando obtenho resultados positivos.
Penso também que a este nível académico, para além dos professores serem os pilares estruturais da transmissão dos conhecimentos específicos, também eles terão bastante a aprender com a multiculturalidade dos alunos, que em grande parte são adultos, por isso mesmo, de uma ou de outra forma transmissores de experiências vivenciais assaz interessantes e enriquecedoras.

Três ideias do senso comum, inadequadas sobre as características do desenvolvimento humano.

“A ocasião faz o ladrão”

Isto não é de todo verdade, pois segundo o conceito Nature, e a abordagem maturacionista que privilegia a herança genética como factor principal no desenvolvimento psicológico do indivíduo, neste caso se essa mesma herança for maioritariamente de pessoas honestas e respeitadoras, bem podem surgir “ocasiões” que jamais este provérbio popular se justificará.

“Burro velho não aprende línguas”

Neste provérbio, eu próprio sou um exemplo contraditório, pois com quarenta e seis anos decidi voltar aos estudos académicos. Segundo o conceito Norture e a abordagemBehaviurista, enveredei por o caminho da Aprendizagem e seus contextos, porque reconheço que isso me abre horizontes, me faz ser solidário e compreender melhor todo o Ser Humano , as suas virtudes e complexidades .

“Entre marido e mulher não metas a colher”

Neste caso específico, dever-se-á meter-se a colher ou não, consoante as situações. Pois se existir violência entre ambos, todos nós temos o dever de intervir, em defesa do supostamente agredido.
Esta nossa intervenção, poderá associar-se ao conceito interaccionista, pois independentemente das nossas heranças genéticas que nos poderão ter “ensinado” a defender os mais fracos, também essa nossa intervenção poderá resultar da nossa aprendizagem contextual contemporânea, face aos graduais aumentos da violência doméstica, denunciados em crescendo pelos média.

sábado, 20 de março de 2010

DIFERENTES VERTENTES DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

A Psicologia do Desenvolvimento é uma das áreas de estudo e de intervenção da
psicologia e pretende, em termos gerais, responder à questão «O que é que muda em nós ao
longo da vida?». Deste modo, a psicologia do desenvolvimento tem por objectivo estudar a
génese e a evolução dos processos psicológicos ao longo do tempo, quer dizer, as mudanças
que acontecem com a idade.
Um bebé sorri para a mãe, uma criança de três anos compreende uma conversa, uma
outra, de seis anos, brinca com os amigos e inventa as regras de um jogo. As crianças de oito e dez anos são capazes de memorizar a mesma lista de palavras, um adolescente consegue
resolver uma equação matemática, uma pessoa de trinta anos faz opções sobre a sua carreira
profissional, outra, de quarenta e dois resolve um problema emocional e outra, ainda, de
sessenta decide que vai reformar-se. Estes são exemplos de comportamentos que
observamos no nosso quotidiano e que nos dizem o que as pessoas são ou não são capazes
de fazer. Considera-se que o desenvolvimento é o processo contínuo de mudança psíquica
que ocorre ao longo da vida. Um processo contínuo, global e dotado de grande flexibilidade.
Na Psicologia do Desenvolvimento estuda-se a forma como nos desenvolvemos ao
longo do ciclo de vida, da fecundação até à morte. Durante muito tempo considerou-se que o
desenvolvimento terminava na idade adulta. O período da infância, em especial, atraía a
atenção dos investigadores e daqui surgiram muitas teorias a explicar o que é que acontece
durante esta fase de vida. Isto explica-se pela razão de, na infância, ocorrerem mudanças
muito visíveis e acentuadas.
Hoje em dia, a idade adulta e a velhice são alvos de tanta curiosidade como a infância
ou a adolescência. As pessoas não param de se desenvolver quando atingem a idade adulta.
Progressivamente, foi-se abandonando a ideia de imutabilidade dos adultos. As alterações
das condições de vida, especialmente nas sociedades ocidentais, reforçaram este facto.
Pensemos, por exemplo, que os jovens são inseridos cada vez mais tarde no mundo do
trabalho, na precariedade do estatuto profissional, no aumento de divórcios, nos casamentos
posteriores. Quer dizer que surgem continuamente novas exigências de adaptação que
requerem o desempenho de novos papéis sociais. Mudamos mesmo depois de crescidos e
diferentes fases da vida implicam diferentes exigências biológicas, sociais e também
psíquicas que é importante conhecer. Por isso, muitas investigações se debruçam sobre o
modo como respondemos a elas.
Também as ideias sobre os mais velhos têm mudado, distanciando-se de concepções
associadas à degradação. Factores como o aumento do tempo de vida, a deterioração de
algumas capacidades e a evolução de outras, o entrar na reforma quando se está apto para
um conjunto de tarefas e de relações permitem às pessoas manter capacidades de adaptação
a novas situações e estarem abertas à mudança e à vida. Por exemplo, a densidade de
neurónios corticais começa a diminuir desde o nascimento, tal como a acuidade perceptiva
que começamos a perder muito cedo. Por tudo isto é fácil perceber que nos desenvolvemos
ao longo da nossa existência. O corpo e as capacidades físicas evoluem, a vida afectiva
transforma-se, o estatuto social muda.
A Psicologia do Desenvolvimento centra-se nas mudanças ao longo da vida. Aqui,
mudança significa alterações quantitativas e qualitativas, do gatinhar ao andar, do balbuciar
ao falar, do raciocínio ilógico ao lógico, da infância à adolescência, à maturidade, à velhice, do
nascimento à morte. Por isso, parece importante perceber como é que o comportamento e os
processos mentais mudam ao longo da vida, tendo em conta factores físicos e biológicos,
cognitivos, afectivos e sociais que influenciam as diversas fases de crescimento e de
desenvolvimento. Como estes factores não actuam isoladamente, surgem questões
relativamente à interacção entre eles e ao papel que cada um desempenha no processo
global. Também os contextos, por exemplo o contexto histórico, socioeconómico, cultural ou
étnico, em que as pessoas se desenvolvem permitem compreender melhor a sua evolução.
Ao longo da sua história de mais de cem anos, têm surgido na psicologia do
desenvolvimento uma série de modelos teóricos que explicam de modo diferente o
fenómeno da mudança e o papel destes factores no processo de desenvolvimento. Cada
modelo tem explicações próprias e enfatiza diferentes vertentes do desenvolvimento.
Embora algumas destas explicações possam parecer contraditórias, esta diversidade de
ideias enriquece a compreensão que temos do ser humano e do seu desenvolvimento.
Historicamente, estas diferentes concepções têm-se organizado muitas vezes em
dicotomias, ou seja, em ideias que se situam em posições extremas. Outras vezes tem-se
tentado ir para além delas e integrá-las permitindo uma visão mais alargada. Essas
dicotomias normalmente estão na base daquilo que as pessoas pensam sobre o
comportamento humano. Podemos referir as mais importantes através de uma série de
questões. Será o desenvolvimento humano consequência de factores hereditários ou de
factores adquiridos? O desenvolvimento é um processo contínuo ou haverá rupturas que
impliquem descontinuidade? O desenvolvimento dependerá mais de factores internos da
pessoa ou de factores externos? O desenvolvimento é um processo que implica a
estabilidade da pessoa ou mudança contínua?
Há muitos séculos que se coloca a questão da origem das características dos seres
humanos, do que os leva a ser e comportar-se de determinada forma. Muitos investigadores
e pensadores têm procurado responder a uma questão que pode variar de enunciado. O que
é que nos torna humanos? O que é que nos leva a comportarmo-nos de determinadas
formas? Como se explica que nos comportemos de modo diferente uns dos outros? Para
responder a estas perguntas, diferentes autores colocaram-se nos pólos extremos da
dicotomia: o pólo do inato, da hereditariedade, da natureza, e o pólo do adquirido, do meio,
da educação.
O Inato e o Adquirido
O pólo inato tem estado ligado a formas de ver o ser humano e o seu
desenvolvimento como sendo determinado pelas suas características biológicas e corporais.
Os defensores desta perspectiva defendem que há uma natureza em nós, no nosso corpo, nos
nossos genes (ou até na nossa evolução filogenética), que é responsável pelo que somos e
pela forma como nos comportamos.
O comportamento humano seria, fundamentalmente, determinado pela
hereditariedade. Seria o património genético herdado dos progenitores que definiria a
constituição orgânica e psíquica dos indivíduos, bem como o seu comportamento,
desenvolvimento, personalidade. Essas características seriam, portanto, inatas, isto é,
nasciam connosco. A maturação encarregar-se-ia de orientar o crescimento biológico do
corpo e o desenvolvimento segundo padrões definidos por determinados programas
genéticos.
No pólo adquirido, relativo à educação, à influência do meio ambiente, encontramos
perspectivas que defendem que são as nossas experiências sociais e culturais que
determinam a nossa forma de ser. Nós seríamos produto do que aprendemos e os ambientes
em que vivemos modelariam o nosso desenvolvimento. Os autores que defendem este
princípio procuram ligações entre determinados ambientes e os percursos de vida. A forma
como somos educados e aquilo que aprendemos são responsáveis pelo que somos e pelos
comportamentos que manifestamos.
Nas explicações que propõem, os autores favorecem as variáveis do ambiente (o que
está presente no contexto, o conjunto de estímulos) e os conceitos de adquirido (o que passa
a fazer parte do repertório de comportamentos de uma pessoa, o que é aprendido em
determinada situação) e de socialização (enquanto conjunto de experiências e
aprendizagens, vividas socialmente, por exemplo com a família).
Alguns autores procuram integrar elementos desta dicotomia, como é o caso de
Piaget que valoriza quer os factores maturativos, quer os factores socioculturais. Piaget
defende uma posição que não é nem inatista, nem empirista: a pessoa tem um papel activo
no seu desenvolvimento. Neste processo intervêm factores biológicos e factores relativos ao
meio, às acções sobre o meio e à transmissão social. A sua concepção interaccionista e
construtivista visa uma síntese possível entre os dois pólos.
A Continuidade e a Descontinuidade
Cada um de nós está em permanente reconstrução. À medida que vivemos,
que crescemos, que vamos agindo, que nos relacionamos com as outras pessoas, vamo-nos
transformando e vamo-nos tornando quem somos, encontrando as nossas formas de pensar,
de sentir e de agir.
A dicotomia entre continuidade e descontinuidade relaciona-se com a forma
como muitos autores vêm e explicam as transformações que as pessoas vão sentindo. As
perspectivas mais centradas na continuidade e as mais centradas na descontinuidade
produzem diferentes compreensões sobre as mudanças que ocorrem na vida de cada um.
Na sua definição mais elementar, a noção de continuidade diz respeito a algo
que continua a existir de modo semelhante ao que existia antes. Nesta perspectiva, a
mudança é gradual. A noção de descontinuidade aponta o aparecimento de algo que não
existia antes, para uma mudança abrupta. A questão da continuidade/descontinuidade tem
marcado a psicologia do desenvolvimento e diferentes modelos que explicam as mudanças
e transformações ao longo do tempo.
Muitos modelos mais centrados na continuidade tendem a ver as mudanças
em determinados comportamentos como resultado de uma mudança quantitativa, isto é,
como uma mudança que ocorre através da acumulação de associações a estímulos. Mais
respostas condicionadas ou mais competências adquiridas aumentam o repertório de
comportamentos observados e modelados e, portanto, das diversas formas de agir.
Para os autores que defendem a descontinuidade as acções e as relações
conduzem ao surgimento de possibilidades de agir, sentir e pensar de modos novos e
diferentes. A existência destas maneiras novas de compreender e de agir no mundo, de criar
sentido para o que vai acontecer, torna necessária uma reorganização que resolva os
conflitos entre as compreensões mais recentes e as mais antigas. Quando esta reorganização
conduz a uma lógica global de organização de formas de pensar, de agir e de sentir nova,
ocorrendo uma transição para o estádio de desenvolvimento seguinte.
As teorias mais centradas na descontinuidade tendem a ver as
transformações como envolvendo momentos de reorganização. As novas formas de
organização apresentam-se como qualitativamente diferentes das anteriores. As mudanças
não são vistas como quantitativas, mas como qualitativas. Em vez de haver acumulação de
respostas, há diferenciação e novidade nestas. Há sempre um modo de organização global
que não existia antes e que emerge.
Para explicar o desenvolvimento humano tanto a continuidade como a
descontinuidade são importantes. Mudamos e vamo-nos transformando tanto de forma
contínua como de forma descontínua. Experimentamos mudanças que se devem à integração
de novos conhecimentos, de novas respostas, de novos comportamentos e competências,
mudanças que se explicam pela continuidade e pela alteração quantitativa dos nossos modos
de pensar e de agir. Mas isso não explica como é que, em determinados momentos, as
transformações vão para além do mais ou do mesmo. A diferenciação, as novas respostas e
capacidades são devidas a reorganizações mais ou menos globais, são mudanças qualitativas
que modificam a organização subjacente aos nossos modos de ser e de nos desenvolvermos.
O Interno e o Externo
Ao longo da história da psicologia o interior tem aparecido ligado ao corpo e
à sua biologia, isto é, ao que se passa dentro de nós. Por outro lado, relacionamos interior às
cognições, às emoções e aos pensamentos que foram encarados, durante muito tempo, como
algo que se passa dentro de nós, frequentemente como algo que se passa no interior da
nossa cabeça.
Ao exterior associam-se o contexto e a situação, as relações de socialização,
as influências da cultura. O exterior tem sido relacionado com os estímulos que nos afectam,
com os acontecimentos, com as condições em que vivemos. Pensar que o que somos, em
determinado momento, pode ser explicado apenas pelo que se passa no nosso interior é não
compreender que o interior e o exterior existem num permanente diálogo, na interacção que
a cada momento nós vivemos com o mundo que nos rodeia. Não só o nosso corpo dá forma
ao nosso estar numa situação, como os contextos moldam o nosso corpo e o que se passa
dentro dele. Basta pensarmos na plasticidade do nosso cérebro.
O que nós pensamos está presente nas situações: reflecte-se, transporta-se
para a forma como sentimos e nos relacionamos com as coisas e com o mundo. Mudamos os
contextos onde existimos através do modo como existimos. Mas está também lá, e também
em nós, o que os outros pensam, as palavras que usam, os sentidos que certas acções
adquirem, o que em certas situações aprendemos a fazer… sempre na relação em que o que
sentimos e o que pensamos, o que sabemos e o modo como agimos estão dentro e fora de
nós em permanente reconstrução.
A Estabilidade e a Mudança
Ao falarmos da continuidade e da descontinuidade referimo-nos
frequentemente à mudança, à transformação, quer quantitativa, quer qualitativa que
acontece em nós ao longo do tempo. As pessoas mudam, os seus corpos mudam, as suas
formas de ser e de estar mudam ao longo do tempo. Sabemos que não fomos sempre aquilo
que somos hoje. Ao nosso lado, vemos outras pessoas a mudar. Reconhecemos que a
mudança faz parte de nós próprios.
Nem só a mudança explica o desenvolvimento que vamos experimentando.
Todos sabemos que há coisas que nunca mudam. Há pessoas que conhecemos bem e, sobre
elas, prevemos como se comportam em determinadas situações, o que tendem a pensar
sobre si e sobre o mundo. Podemos até deparar-nos com momentos em que nos parece
estranha a forma como agem por não ser típica delas. Portanto, reconhecemos estabilidade
nos modos de ser.
Como nos ajuda a questão da estabilidade/mudança a compreender o
comportamento e desenvolvimento humanos? Se pensarmos em nós agora, há um ano atrás
ou há dez anos, o que parece mais importante? O que permaneceu ou o que mudou? A
dicotomia entre estabilidade e mudança refere-se ao modo como diferentes autores foram
explicando o desenvolvimento como um processo que tem origem em elementos de
estabilidade ou de mudança.
Os autores que mais valorizaram o pólo da mudança foram aqueles que
abordaram, sobretudo, o comportamento das crianças e dos adolescentes. Foram
influenciados nas suas concepções gerais pelo que se passa nestas fases da vida humana em
que predomina a transformação e a mudança. Parecia que enquanto a mudança marcava a
infância e a adolescência, a estabilidade era a principal característica do adulto. Mas
sabemos hoje que a principal característica dos seres humanos é a plasticidade que os
acompanha ao longo da vida e que de modo algum termina na adolescência. Tudo quanto
sabemos acerca da plasticidade biológica, do modo como os seres humanos interagem uns
com os outros, como reorganizam as suas vidas, as suas concepções do mundo, a sua própria
identidade reforçam a ideia de que a mudança nos acompanha ao longo da vida.
É evidente que estas afirmações não são incompatíveis com a afirmação da
estabilidade. Reconhecemo-nos e somos reconhecidos mesmo quando desempenhamos
diferentes papéis, quando nos movemos em contextos diferentes, com o passar do tempo.
Esta ideia conduz-nos ao conceito de identidade. A identidade representa uma continuidade,
uma fidelidade, uma consistência e coerência no modo de ser e estar. Corresponde às
características pessoais, persistentes, dotadas de coerência interna. Contudo, não podemos
associar a estas características um carácter estático. A identidade constrói-se ao longo da
vida e é um processo dinâmico que envolve necessariamente mudança. Os processos
biológicos, os factores sociais e as experiências pessoais são os motores das mudanças
inerentes a todos os processos de adaptação, portanto, de vida.
Adaptado de M. Monteiro e P. Ferreira, Ser Humano, 2.ª Parte, 2006

sexta-feira, 19 de março de 2010

O Pensamento éo Ensaio da Acção

Biografia Sigmund Freud
A 06 de maio de 1856 nasceu em Freiberg, Sigmund Freud o criador da psicanálise. No ano 1877, abreviou o nome de Sigismund Schlomo Freud para Sigmund Freud. Freud foi o filho mais velho (entre sete filhos) do terceiro casamento de Jacob Freud e Amalia Freud. Devido a má situação econômica, a família mudou-se para Viena, Áustria, onde o pai estabeleceu um comércio no bairro Leopoldstrasse.

Em fevereiro de 1923 foi descoberto um tumor maligno, imediatamente foi feita uma cirurgia. Freud tinha que usar uma prótese. Após 33 cirurgias, tinha dificuldade em falar, mas mantinha suas atividades de rotina, abandonando apenas os problemas do movimento psicanalítico.

Casou com Martha Bernays. O casal teve seis filhos, um dos quais, Ana, tornou-se discípula, porta-voz do pai, e psicanalista. Em março de 1938, quando da invasão da Áustria pela Alemanha, com a intervenção do diplomata americano William Bullitt e de um resgate pago por Marie Bonaparte, Freud e sua família deixaram Viena indo para Londres, residindo em Maresfield Gardens 20; hoje Freud Museum.

Freud faleceu em 23 de setembro de 1939, depois de ter estado dois dias em coma, a seu pedido recebeu três injeções de três centigramas de morfina, com a concordância de Anna Freud.

Freud continua tão polêmico hoje em dia como na época em que esteve vivo. É idolatrado pelos seus seguidores, mas também é visto como um mistificador, principalmente porque após década de 1990 com as descobertas da neurociência, muitos dos princípios fundamentais da psicanálise são questionados.