quinta-feira, 29 de abril de 2010

E – FÒLIO B (Parte III)
Crescer na Idade do Silício, a Realidade Virtual dos Adolescentes
As novas Tecnologias em especial a Internet, vieram contribuir para que os Jovens, cada vez mais cedo, sejam “dependentes” dos computadores, onde passam maior parte do tempo, não só com fins académicos, mas principalmente com fins lúdicos. A massivação dos jogos On-line (*2MMOG), bem como a fruição das redes sociais, leva os Adolescentes a passar cada vez mais tempo nessas realidades virtuais. As possibilidades que têm também de assumirem outras Identidades nesse universo, permite uma Comunicação gratificante mesmo ao mais tímido ou rejeitado socialmente.
Há quem atribua nocividade a estas dependências, para os jovens, mas também há quem pense de forma contrária. Pois se as suas utilizações podem levar ao isolamento pessoal e social, e anedonia do mundo real, por outro lado poderão também “fortalecer” as capacidades cognitivas, de inter-relações Psicossociais, e até no combate ao Stress.

Novos Perigos no Universo dos Adolescentes: O Cyber-Bollying
A utilização das novas Tecnologias também podem criar cenários persecutórios entre os Jovens, através do Cyber-Bollying efectuado por alguém mais forte, que persegue, ameaça ou amedronta os mais vulneráveis. Isso poderá levar os Jovens, a um mal-estar pessoal e social, que poderá culminar em graves problemas de saúde física e mental, inclusive o suicídio. Estes últimos, poder-se-ão sentir “encurralados” nessas ameaças cibernéticas, sem interlocutor no universo adulto que os ajude ou compreenda.

Novas Tecnologias: Novos Desafios e Oportunidades para os Jovens
O Boom das Novas Tecnologias, surgido na década de 90, veio de certa forma beneficiar os jovens, muito melhor preparados para “explorar” e “desenvolver” essas novas ferramentas, sem modelos adultos de referência.
Essas técnicas aplicadas nas áreas, académica, profissional, científica, entre outras, antevêem desafios universais onde as novas gerações terão forçosamente um papel crucial.
Resta aos políticos, ás Famílias, bem como as Comunidades envolventes, estarem alertas, e arreigarem objectivos bem definidos, para fazer face a esses emergentes desafios.

Síntese
A Adolescência representa um espaço e um tempo onde os Jovens através de momentos de crescimentos diversificados, reintegram o seu passado e infância numa nova esfera. Esta reestruturação implica a opção por valores, a orientação sexual, a descoberta da Identidade, a decisão vocacional e a integração social. Este processo apoia-se também em retrocessos, com vontade de voltar a ser criança, sozinho, com o melhor amigo, com e contra os pais, e “ladeado” pelos seus ídolos. Assim falamos de Adolescências, cada uma com a sua infância, a sua fase de Maturação, a sua época, a sua cultura e a sua história.
Embora a necessidade de relacionamento entre iguais, esteja sempre presente ao longo de todas as etapas do ciclo de vida, na Adolescência adquire um papel relevante no desenvolvimento psicológico do sujeito.
No campo da Psicologia do Desenvolvimento, a abordagem Interaccionista, realçada por Piaget e Erikson, é neste contexto, espelho do que aqui retratamos.

Notas
Estágios da Adolescência:
Adolescência inicial 11-14 anos, desenvolvimento físico, com predominância dos órgãos sexuais.
Adolescência intermédia 13-16 anos, predominância das capacidades cognitivas e auto reflectivas, apesar de ainda algum manifestado egocentrismo.
Adolescência final 15-21 anos, predominância no convívio social entre Pares.

Palavras-Chave

*1 TPS – Teoria de Perspectiva Social, Robert Selman,1980
*2 MMOG - Massive Multiplayer On-line Games
http://www.voki.com/php/viewmessage/?chsm=1a7c8f9d2f81a21b0d68c65edfd304a3&mId=455899
E - FÓLIO B (Parte II)
“A Família mais os Amigos” ou “A Família ou os Amigos”: o que se sabe
Os pais através das suas práticas, influenciam os jovens, nas atitudes que estes vêm a tomar perante os Pares. Essas atitudes se forem de responsabilização e procedimento autónomo, irão facilitar as suas relações interpessoais futuras. Há mesmo quem defenda que este saudável duplo convívio, se traduz nos jovens num maior bem-estar emocional, e que essa autonomia adquirida, não só permite uma melhor percepção dos diversos pontos de vista (*1 TPS), como lhes confere uma relevante importância nas decisões tomadas em família. Quanto a comportamentos de risco, com excepção do álcool. Todos os outros são influenciados na grande maioria pelos Pares, que na procura de novas sensações, interagem com factores contextuais, altamente potenciadores deste tipo de comportamentos.
Os Pares poderão substituir relações insatisfatórias com os pais, mas serão menos agressivos, deprimidos e antipáticos, todos os jovens que consigam manter uma boa relação com ambos. Se a essas boas relações se juntar uma outra com a Escola, o seu resultado potenciará uma menor probabilidade para comportamentos de risco. Enquanto a Família, influencia mais os Jovens nas decisões de âmbito Escolar, de futuro profissional, e/ou de saúde, os Pares influenciam-nos de modo definitivo quanto aos gostos juvenis, de moda, e nas dúvidas emocionais e de cariz sexual.
Então poder-se-á dizer que os Adolescentes evoluem de uma dependência Vinculativa face aos pais, para uma autonomia adulta, regulada pelas emoções, capacidades cognitivas e sociais, adquiridas entre Pares.

Grupo de Pares e Culturas Juvenis: o que se sabe
Na sequência do atrás mencionado, o Grupo de Pares tem para os Adolescentes, outros papéis importantes, tais como: oportunidade de crescimento pessoal; validação de novos interesses e/ou expectativas; interajuda em novas situações, inclusive as de Stress; de competências de tomadas de decisão; de maior adaptabilidade e consequente autoestima. E também poderão, em algumas situações, ser preventores de isolamento e depressão.
Os Grupos reúnem-se em locais como Pubs, discotecas, concertos musicais, ou festas particulares, onde normalmente desfilam os seus modos e ritos, condizentes com a sua faixa etária. Isso fá-los sentir-se aceites no grupo, graças a essa adopção de normas. Também são adaptados Rótulos Sociais, que denominam grandes grupos (Crowd, mais de 10 elementos), tais como: os estudiosos (Brains); os que faltam muito, consomem drogas, ou são problemáticos na Escola (freaks ou Droggies), etc. Os Adolescentes afiliam-se também em pequenos Grupos denominados (cliques, menos de 6 elementos), podendo no seio destes, variar a sua afiliação.
O Adolescente, têm nos seus Grupos de Amigos, um (próximo) que se destaca pelo seu recíproco suporte social, que tanto o pode ajudar positivamente, como pode ser factor preponderante para os já mencionados comportamentos de risco.
No seio dos Grupos, o adolescente experimenta um espaço de diálogo sobre os seus reais problemas, variadas e renovadas inter-relações, fulcrais na gestão de conflitos, bem como na sociabilidade gratificante, aumentando assim as suas competências emocionais e cognitivas,”ensaiando” a formação para a vida adulta.
O melhor preditor do ajustamento na idade adulta, não será nem a inteligência nem a Escolaridade, mas sim a capacidade adquirida na inter-relação social.

As Tribos Musicais e Urbanas na Adolescência
Os Adolescentes consoante o Grupo de Pares onde se inserem, assim escolhem as suas preferências musicais, tais como p.e. o Punk, Heavy Metal, Raggae, Soul, House, com a maior predominância para o hip-hop, estilo mais associado aos problemas urbanos, retratados nas suas letras normalmente de contestação e reivindicação. As novas Tecnologias vieram permitir os Mega Concertos, que arrastam os Adolescentes para verem os seus ídolos ao vivo, bem como a possibilidade de os poderem “levar” consigo para qualquer lado, directamente do computador para os seus Ipod e telemóveis, ouvindo-os nos auriculares.
E - FÓLIO B (Parte I)
SAÚDE NA ADOLESCÊNCIA: RISCOS E DESAFIOS

Adolescência: o que se sabe
Com a repentina mudança biológica na Puberdade, os jovens iniciam paralelamente uma transformação Psicossocial, que os aproximam dos seus Pares, principalmente da relação com o sexo oposto, e os faz reequacionar um projecto de vida, que poderá variar consoante os contextos socioculturais onde se inserem, podendo estes acarretar maiores ou menores factores de risco para a sua própria saúde e bem-estar. Os cenários familiares, Escolares ou entre Pares, observados, desempenham um papel fundamental, para a sua matriz Identitária, pois será através deles que construirão as suas relações interpessoais, presentes e futuras. Também daí resultarão consequentes atitudes sociais e de saúde, transformados quer em isolamento, quer em agressividade e rebeldia, quer ainda em comportamentos de risco, p.e. o consumo de álcool, drogas, e nas relações sexuais.

A Família: o que se sabe
No espectro familiar, a criança vai diariamente “modelando” as suas estruturas cognitivas e afectivas, construtoras da sua real representação do mundo onde se insere. Os contextos familiares envolventes, de educação, socioeconómicos, e/ou de responsabilidade parental, são fundamentais no impacto sócio-emocional de desenvolvimento psíquico da criança.
As crianças e jovens oriundas de famílias de baixos rendimentos, estão mais sujeitas a violência e a rupturas familiares, que mais tarde ou mais cedo se repercutem em factores endógenos na construção da sua própria Identidade.
Esse estilo parental mais punitivo (ameaça) e de rejeição (passividade), não permite desenvolver nos jovens mecanismos de auto-regulação, e estratégias de solução de conflitos, indutoras para uma Moralidade autónoma. Em contrapartida a sua percepção, num controlo parental, de forma democrática (direitos/deveres) e participativa (actividade/cooperação), pelo menos com um dos progenitores, induz nos jovens, sentimentos de competência social, autonomia, e independência.

Os Amigos: o que se sabe
Desde cedo as crianças se envolvem em jogos sociais entre Pares, promotores da sua empatia e dos seus controlos emocionais. Quanto maior a popularidade de uma criança entre Pares, maior a facilidade que terá nas relações interpessoais, bem como nas oportunidades de aprendizagem e competências práticas. Em contrapartida as crianças de pouca popularidade, tendem a isolar-se e a tornar-se anti-sociais. Crianças e Jovens socialmente rejeitados, tendem para a agressividade, conflitualidade, a baixa auto-estima, que obviamente se vai repercutir no rendimento Escolar, e nas suas inter-relações.
Alguns estudiosos relacionam estas relações, com o precoce estilo de Vinculação parental.
A criança entre os 5-8 anos de idade, evolui da perspectiva centralizada no individualismo, até à perspectiva empática cooperativista, onde a amizade facilita as, interajuda e intimidade.
A amizade estimula também a autoconfiança e bem-estar psicológico, sendo atribuído ao género masculino a partilha de actividades, enquanto no género feminino se atribui a partilha da confiança e de sentimentos. Mesmo quando os jovens consomem álcool ou drogas, estes actos associam-se a uma busca de uma intimidade interpessoal. A imagem e avaliação sociais, podem ser afectadas pela cultura, valores e normas estabelecidas.