terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

E-Fólio B Psicologia do Desenvolvimento II - Projecto Geração Sénior

“PROJECTO GERAÇÃO SENIOR” 1) Objectivos: Este Projecto de adesão voluntária é dirigido aos seniores do Baixo Alentejo, e tem um carácter interventivo para atenuar/retardar o impacto desenvolvimental das perdas que acompanham os seus processos de envelhecimento. É localizado no baixo Alentejo, mais propriamente no concelho de Odemira, abrangendo os interessados em todas as freguesias limítrofes, e é co-financiado na seguinte proporção: fundo social europeu 60%; autarquia local 30%; empresas locais 10%. Também pretende objectivar a adopção de medidas compensatórias para fazer face a uma previsível evolução desfavorável de certas variáveis biológicas como a perda de acuidade sensorial, a diminuição de velocidade de processamento da informação que surge como um factor imprescindível no combate a concepção fatalista de que à velhice corresponde a perda de capacidades de compreensão e de aprendizagem. Para além do objectivo principal acima referido, dirigido aos seniores nestas comunidades isoladas do Alentejo, visa simultaneamente criar alguns postos de trabalho atenuando o desemprego local, e ainda travar a desertificação das gerações mais jovens para as grandes urbes. Dirige-se a todos os seniores interessados, (em seu entender ou dos seus familiares), capazes física ou intelectualmente, em contribuir com a sua experiência de vida, integralmente (de forma autónoma) ou parcial (com ajuda de profissionais) em actividades laborais e lúdicas, prolongando assim as suas capacidades sensoriais psicomotoras, contrariando a inactividade, o isolamento, a degeneração biológica e suas hipotéticas percas cognitivas. 2) Fundamentação: Falar em competência associada ao processo de envelhecimento significa falar num constructo complexo que se cruza com outros conceitos de âmbito geral como capacidade, actividade ou sucesso (paul, 2001) . A competência é definida como a capacidade do indivíduo para realizar adequadamente aquelas actividades habitualmente consideradas como essenciais para a existência, podendo assim ser tomada como sinónimo de autonomia (Pushkar, Arbuckle, Naag, Conwa,& Chaikelson, 1997). Nasterpasqua (1989) define este constructo realçando que a competência refere-se à capacidade individual para lidar com os desafios da vida, o que inclui a consideração de variáveis de tipo cognitivo, emocional e social, enquanto Eisemberg & Fabes(1992) especificam que a competência social depende da presença de características psicológicas, como a inteligência, a personalidade ou estilos de coping que funcionam como facilitadores para a promoção de interacções sociais e para a criação de redes de suporte social alargadas. Lawton (1999) sugere uma hipótese a que chama hipótese da Docilidade ambiental, segundo a qual, a influência do ambiente no comportamento dos indivíduos está directamente relacionada com a sua competência, isto significa por exemplo que os idosos saudáveis e competentes terão tendência a escolher actividades e contactos num largo espectro ambiental, enquanto para os idosos menos competentes, a proximidade geográfica dos seus pares, como por exemplo os vizinhos, pode ser o único factor determinante na escolha dos amigos, oportunidades de lazer, ou de contactos sociais. Também a inactividade dos reformados demonstra um declínio acentuado na circulação sanguínea cerebral, obtendo assim resultados insatisfatórios, em testes cognitivos. Sobre as competências da vida diária, Baltes & Carstensen(1999) sugerem uma explicação centrada em factores de natureza essencialmente psicológica, defendendo que a dependência dos seniores não decorre automaticamente de problemas relacionados com o envelhecimento biológico, mas que deve ser antes vista como uma consequência de condições sociais e individuais específicas. Essa dependência pode ser aprendida , por meio da qual o senior consegue evitar a solidão e exercer um controlo passivo sobre o ambiente. Barreto (1984) demonstrou num estudo longitudinal efectuado em Matosinhos, que o processo de progressivo desligamento social, é mais frequente nos reformados casados, acompanhado de uma forte ligação ao cônjuge, e que no género masculino toma rapidamente a forma de dependência. Mas esta pode também surgir na sequência de um empobrecimento funcional, conforme relata Heikkinen (2000)onde a relação entre o aparecimento nos idosos, de estados depressivos, e a inabilidade para a execução das tarefas da vida diária, são indissociáveis. Este tipo de projecto pode fazer toda a diferença, tendo em conta a importância da variável saúde/doença no envelhecimento que está na origem da distinção clássica entre envelhecimento normal ou primário que não implica a ocorrência de doença, e o envelhecimento patológico ou secundário que é aquele em que à doença, e esta se poderá tornar a causa que pode levar à morte. Também nestas idades, conforme relata Salthouse (1989/99) existe nestes indivíduos, um abrandamento nas capacidades cognitivas, fruto de um défice na propagação da informação ao nível do sistema nervoso central, que reduz a sua velocidade. Aliando a tudo isso os défices sensoriais, como são a perda da visão, audição, mobilidade, etc., as suas perdas tornam-se não só quantitativas mas também qualitativas. Contrariamente, os seniores que aderirem a este projecto, serão estimulados intelectualmente, e terão grosso modo de assumir as participações diárias, que os obrigarão a deslocações, ás actividades e formações específicas, ás responsabilidades por cada um assumidas no projecto, sendo tudo isso também uma forma indissociável de fazer exercício físico, ou seja “mente sã em corpo são”. O facto de se tornarem pró-activos, e integrados nas comunidades onde nasceram e viveram, dará também a estes seniores, satisfação de viver, um bem-estar psicológico, garantes de um envelhecimento mais digno, solidário, personificado, e claro está, exemplos a seguir, não só no concelho, mas quiçá por todo o nosso interior desertificado… 3) Destinatários: Os seniores do concelho e zonas limítrofes, com perfil e aderentes ao projecto. Os profissionais selecionados e habilitados para o projecto, tendo primazia os com domicílio local. As empresas locais envolvidas no projecto. A autarquia de Odemira e todos os seus serviços públicos. Todo o particular que solicite o projecto, mediante acordo prévio com os responsáveis. 4) Recursos humanos m/f: Dois(2) seniores encartados (Carta de condução profissional de passageiros); dois (2) jardineiros/hortelãos (seniores); quatro (4) formadores qualificados nas actividades propostas; dois (2) funcionários administrativos; um (1) psicólogo; um (1) enfermeiro a tempo integral, e um (1) médico em tempo parcial (sénior ou não). 5) Espaços e recursos materiais: Um (1) veículo de transporte de passageiros (7 lugares) , e um (1) veículo misto As salas de formação serão cedidas gratuitamente em pólos da autarquia, e os materiais cedidos pelas empresas locais participantes. Quanto à jardinagem e horticultura, serão executadas em propriedade privada, sempre que requeridas. O apoio a creches e jardins de infância, serão específicos nos de administração autárquica em conjunto com os seus profissionais. 6) Acções: As actividades propostas serão a transmissão de saberes na preservação dos costumes locais em: - Cozinha e gastronomia regional (inclui formação certificada) - Artesanato local, suas técnicas e aplicações (inclui formação certificada) - Artes representativas Música, canto, teatro, (inclui formação certificada) - Jardinagem e horticultura (inclui formação) - Restauro em utensílios e equipamentos, com o intuito da preservação das tradições locais (inclui formação) - Apoio em creches e jardins de infância a cargo da autarquia. Referência Bibliográfica: Fonseca, A. (2006). O envelhecimento. Uma abordagem psicológica. Lisboa:Universidade Católica. S. D. de Rana, 9 de Janeiro de 2013

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

E-Fólio A Psicologia do DesenvolvimentoII

Propostas de Projectos para a Unidade de Psicologia do desenvolvimento 1) Sabendo das necessidades e da curiosidade das crianças, principalmente a faixa etária entre os 6 e os 11 anos de idade, que iniciam a escolaridade obrigatória no ensino básico, da velocidade e capacidade que têm na assimilação e aprendizagem, indispensáveis ao seu construto educacional e intelectual, venho propor um conjunto de actividades a intercalar com os seus percursos curriculares programáticos, nas turmas do 4º ano da Escola básica do 1º ciclo, nº1 do Cacém, Sintra, que constam de variadas visitas de estudo, a lugares e monumentos previamente referenciados, maior parte no conselho, havendo algumas excepções que se poderão alargar a outros limitados ao distrito de Lisboa, a saber: Jardins e parques florestais em Sintra; Estufa fria em Lisboa; Museus, Anjos Teixeira, do brinquedo e da ciência na vila de Sintra; Museus, da marinha, e dos Coches em Lisboa; Mosteiro dos Jerónimos e Jardim de Belém em Lisboa. Pretende-se com estas visitas de estudo previamente escalpelizadas em sala de aula, levar as crianças de um conselho densamente povoado, e oriundas maior parte, de extractos socialmente pouco favorecidos, a melhor entenderem não só o mundo que as rodeia, mas também permitir-lhes os intercâmbios culturais, intergeracionais e assim promover a melhoria nos seus comportamentos e atitudes, seu desenvolvimento educacional e psicológico, e no respeito, justiça e interajuda recíprocas, cada vez mais necessárias nesta “aldeia global”. Este tipo de actividades, para além de estimularem as necessidades psicomotoras das próprias crianças, face a estes novos contextos vivenciados, são também indutoras para que nas respectivas famílias e/ou grupos sociais, se partilhem cada vez mais interesses socioculturais, entre as variadas gerações, tornando-se as crianças, pela sua capacidade de absorção de saberes, o seu principal elo de ligação. Com isso a criança irá descobrir novas regras, rituais e autoridades, mas simultaneamente novas liberdades, amizades, e um enorme leque de futuras oportunidades. Comecemos por identificar a faixa etária que este projecto abrange, denominada por Piaget, como “Estádio Operações concretas”, que é subdividida pelo mesmo autor, em dois subestádios, o “pré-operatório” e o “operatório concreto”, que não se transicionam entre si, de uma forma automática ou em determinado período da vida, mas só irão acontecer gradualmente, quando determinados conjuntos de tarefas desenvolvimentais façam a criança deixar de ter um comportamento egocêntrico, rígido e irreversível, para passar a um outro em que se demonstre mais flexível, reversível, lógico-inferente e que procure a relação causa efeito. Exemplo disso mesmo, serão os reconhecimentos dos valores da permanência e da constância, em simples análises mensuráveis. Também se acentua neste subestádio, face á chegada a todo o instante da puberdade, uma moral identificadora da libido, como a vergonha e pudor. Um dos conflitos psicossociais nesta faixa etária, descritas por Freud e Erickson, é o conflito indústria versus inferioridade, em que a primeira simboliza, produtividade, desenvolvimento, aprendizagem e competência adquiridas, e a segunda será a vertente negativa que simboliza a sua insegurança, a sua hipotética inépcia, e consequentemente a sua pouca confiança quanto ao seu papel social. Mas a virtude advinda da resolução desta crise temporária, será o reflexo de uma crescente Auto-Estima, que impulsionará de forma positiva todo o seu desenvolvimento psicossocial, motivação para novos e cada vez mais complexos aprendizados, e ao mesmo tempo reduzir possíveis disfuncionais desvios. 2) O projecto voluntário agora proposto destina-se aos adolescentes entre os 16 e os 20 anos, da Escola básica dos 2º e 3º ciclos Matilde Rosa Araújo, São Domingos de Rana, Cascais, com o duplo intuito de criar nos jovens, valores morais para uma melhor cidadania e solidariedade social. Simultaneamente para um melhor desenvolvimento psicológico dos intervenientes, que irão em pequenos grupos de 6 elementos (cliques) desenvolver pequenos projectos para identificar, estudar, pôr em prática, actividades e valências de cariz cultural e Educacional, para os seus pares em escolas do 2º ciclo, de países da CPLP. O ainda pouco acesso tecnológico existente, aliado à escassez dos recursos, de alguns desses países, levarão estes adolescentes a interessar-se e motivarem-se nestas novas causas, possibilitando assim, face a distintas realidades, uma contribuição válida pela troca de experiências pelos seus intercâmbios culturais. Nesta fase da vida, este grupo desenvolvimental passa por toda uma experiência comum, pois todos os sujeitos irão ser confrontados com as mesmas problemáticas, tais como a readaptação ás suas alterações físicas, à sua nova imagem, bem como ao despertar da sexualidade, e à aquisição de novas maneiras de pensar. Têm também objectivos comuns, tais como maturidade emocional e independência económica, por tudo isso a importância do grupo de pares, só eles capazes, na sua perspectiva, de entender e mensurar tais progressos. A Adolescência implica um processo evolutivo ao longo de 3 estados de maturação denominados: orgânico, psicológico e Social, que por sua vez abarcam 3 fases, que se identificam como: fase inicial dos 11 aos 14 anos, também reconhecida por puberdade, fase intermédia dos 13 aos 16 anos, a adolescência propriamente dita, em que se acentua o desenvolvimento cognitivo, e a fase final dos 15 aos 21 anos, em que a sua maturação física e mental entretanto adquiridas, questionam então o social, e privilegiam a relação interpessoal. Apesar da crise Identitária que atravessa todo este Estádio, adolescentes oriundos de famílias estruturadas, tendem a um maior equilíbrio principalmente na relação interpessoal, e que em parceria, se poderá adoptar nestes emergentes países. Mas nesta fase da vida, por ser uma das mais Auto-Reflexivas, o adolescente, agindo bem ou mal, têm sempre a noção das consequências dos seus actos, mesmo que siga fielmente o seu grupo de pares, em comportamentos de risco e atitudes socialmente criticáveis. Daí o indispensável auxílio prestado pela Educação e todos os seus intervenientes. A Adolescência representa um espaço e um tempo onde os jovens através de momentos de crescimento diversificados, reentregam o seu passado e infância numa nova esfera, que por sua vez cada uma engloba a sua fase de maturação, a sua época, a sua cultura e a sua história. De todas as etapas do ciclo de vida, a Adolescência é a mais relevante, no desenvolvimento psicológico do indivíduo . No campo específico da psicologia do desenvolvimento, a abordagem interacionista realçada por Piaget e Erikson, é neste contexto o melhor exemplo disso mesmo. Referências Bibliográficas: Matta, E. (2001). Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem.Lisboa: Universidade Aberta Morais, S. R. (1999).O desenvolvimento do processo cognitivo na criança segundo J. Piaget. Econonom Paiva Campos, B. (1990).Psicologia do Desenvolvimento e Educaçãode Jovens. Lisboa: Universidade Aberta Tavares et al. (2007). Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Porto: Porto Editora. S. D. Rana, 12 de Novembro de 2012